Dia 20 de abril, semana que vem, faz 7 anos que meu filho Felipe se foi devido a um tumor cerebral. Foram 9 anos de luta, mas a doença venceu.
Assistindo aos noticiários e às circunstâncias da morte do pequeno Henry, o primeiro sentimento que me vem é a indignação. Como uma mãe — como tantas outras, como eu, que lutam pela vida do seu filho — deixa chegar a esse desfecho horroroso?
Quem dera eu pudesse ter protegido meu filho; a mãe do Henry teve essa oportunidade e se calou. Não entra na minha cabeça o que se passou com ela. Nosso bem maior são os nossos filhos. Como não tentar evitar uma tragédia dessas? Sinto pelo meu filho, por mim e minha família marcas que o tempo não apaga. Tentamos conviver com a dor da perda, mas é difícil, muito difícil.
Tenho absoluta certeza de que vários Henrys estão por aí, sem proteção ou ajuda. Quem deveria proteger e amparar, por motivos que fogem à minha compreensão, precisa de ajuda.
Faz-se necessário, neste momento de comoção, assinar a petição que pede por ajuda a esses pequenos indefesos. Uma lei, como a Lei Maria da Penha, fará com que esses monstros não tenham nenhum benefício jurídico, como progressão de pena, benefício do regime semiaberto etc.
Não vamos nos calar. Temos o dever moral e civil de proteger quem mais precisa.
Que não tenhamos mais Henrys no nosso Brasil.
Renata Cordeiro Guerra é advogada. Está entre as divulgadoras do abaixo-assinado que busca a criação da Lei Henry Borel, para que a pena em casos de agressão contra crianças seja aumentada. A proposta está no site Change.org, com quase 250 mil assinaturas, até esta terça.
Como podemos proteger crianças dos seus próprios pais? Proteger meninos da homofobia dos próprios pais? Proteger meninas do machismo dos próprios pais? Proteger crianças do assédio moral de pais frustrados? Não é só diante de uma morte que o crime se faz presente.