Em tempos de pandemia, é normal que fiquemos todos assustados, médicos e pacientes. Assustados porque esse vírus, altamente transmissível, trouxe uma doença cujo comportamento não conhecemos bem, e não temos um tratamento definido que resolva o problema de forma eficiente, o que pode levar à morte. Daí surge uma série de dúvidas a respeito do que fazer quando não nos sentimos bem e precisamos de ajuda médica. Com todo esse medo, ir ao hospital, procurar uma emergência, tornou-se um ato heroico, deixado apenas para as últimas consequências.
Nas emergências, diminuiu o número de atendimentos de causas outras, que não febre e queixas respiratórias; estão separando os locais para atendimentos de suspeitos de infecção pelo Covid-19. Os leitos de terapia intensiva vão gradativamente se sobrecarregando, como já era esperado. A política do isolamento está efetivamente diminuindo a velocidade dessa sobrecarga, dando tempo para que novos leitos de CTI sejam abertos tanto nos hospitais públicos quanto nos privados. Muito delicado isso.
Estudos já mostraram que a contaminação cruzada (pessoa a pessoa ou ambiente) se faz com muita facilidade, além de se saber da quantidade imensurável de portadores assintomáticos circulando e disseminando a doença por aí. O ideal é que se tenha bom-senso e que nos comportemos de forma a evitar, ao máximo, o aumento do número de casos. Dessa forma, devemos estimular o uso da telemedicina como grande arma para manter o distanciamento pessoal, reduzir deslocamentos, fornecer orientações adequadas aos pacientes, de preferência pelo seu médico, que conhece seu histórico e já o atendeu em consulta presencial, ou seja, já o examinou em outra oportunidade.
Eu mesmo tenho feito teleconsultas com alto grau de satisfação dos pacientes e sensação de estar amparado e seguro. Nelas, vem a orientação adequada para saber se apenas medidas gerais e uma boa prescrição podem resolver, ou se será necessária uma visita presencial ou, até mesmo, identificar uma emergência e orientar a procura de um hospital.
Essa ferramenta é utilíssima para que não se interrompam tratamentos importantes, prevenções de doenças e solução de problemas mais simples. Quanto a quem estava com cirurgia agendada, claro que, em não se tratando de emergência ou câncer, ela deve ser adiada até porque alguns hospitais estão adiantados quanto a separar áreas sem Covid, como falei acima, ou até mesmo hospitais inteiros sem a doença, para retomarmos os procedimentos eletivos com toda a segurança.
Até lá, a teleconsulta, o isolamento social e cuidados, como usar máscara sempre e luvas quando for se expor, continuam como o melhor a fazer.
Pedro Basilio é cirurgião oncológico gastrointestinal e coloproctologista do Instituto de Oncologia D’Or, ex-pesidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica SBCORJ e diretor responsável pela Clínica de Saúde Intestinal, no Leblon.