Não sou de reclamar. O mundo está atingido, mas vou falar um pouco também de mim: o que penso agora é em sobreviver.
Eu chegava a fazer 10 festas por mês nos últimos tempos, mas já foi mais; poucos dias antes da quarentena, eu tinha 16 na agenda. Agora, tenho uma para novembro, marcada desde janeiro. Na minha cabeça, quando começaram a desmarcar as festas, uma após a outra, após a outra, após a outra, pensei: me ferrei; o que vai ser de mim?
Fui dormir depois de uma noite inquieta, já acordei e percebi que era uma nova realidade. A gente se esforça tanto e, de repente, vem uma onda destas, e é o momento de repensar tudo. Tudo foi adiado. Já falei pra você que meu maior programa agora é tomar banho, me arrumar com uma roupa bem bacana, me perfumar e saber qual é a maior live do dia. E sair elogiando a torto e a direito. O que há de novo? Estou me agarrando aos amigos, os verdadeiros; as amizades mornas vão acabar.
Meus quatro cachorros também têm ajudado — até nas paranoias, que não são poucas. Os médicos já não me aguentam mais; devem estar com horror a mim, com as minhas dúvidas. Tenho todos os sintomas – a medir pelo tempo, já teria tido essa Covid-19 umas três vezes. Estou num ponto de confundir cloroquina com clorofila. Acho que, depois de uma dessa, o mundo vai ser mais sincero; de minha parte, não quero mais perder tempo.
O mundo anda bruto, o que aumenta ainda mais a ansiedade. Sei de muita gente que está começando a estocar álcool, e não estou falando de álcool gel. Estão pensando que vai ser o pós-guerra? Quando teremos festa? Você acha que vou tocar nesse assunto com alguém, sabendo dos milhares de mortos? Tudo tem limite. Além de neurótico e medroso, descobri que tenho muito mais defeitos. Às vezes, demoramos um pouco a perceber que nosso umbigo não é o mundo. Por último, digo a você: perder a empolgação, jamais. Depois desta passagem, vamos todos comemorar a vida — é o que mais quero. Só penso em bons momentos.
Quando o assunto é decoração das festas mais incríveis, vem à cabeça o nome de Antônio Neves da Rocha. Com dois livros publicados sobre o assunto, ele está no mercado, há 22 anos.