Nunca pensei em comemorar o aniversário do meu pai pelo Facetime, como aconteceu esta semana. Abri um champagne Billecart-Salmon aqui em casa, às 20h, e fizemos um jantar com a família toda, cada um no seu endereço! É o novo comportamento trazido pela quarentena. Sou importador de vinhos e, de uma hora pra outra, tudo mudou.
Para minha surpresa, nestes tempos de confinamento, ninguém perde uma confraria, sendo que, agora, cada um degusta apenas um rótulo por vez, mas cada pessoa descreve um pouco do vinho degustado (características, teor alcoólico, coloração e etc) pra todo mundo participar, sempre pelo aplicativo Zoom. Observo também que as pessoas estão comprando vinho online; cada vez mais, a tendência é essa, de repente acelerada pelo momento que estamos vivendo.
O aumento das plataformas de e-commerce de vinho vem ajudando a crescer esse número, fora toda a comodidade de comprar e receber os vinhos sem sair de casa. Uma outra vantagem em comprar online é o preço — a maioria das grandes promoções são feitas online, devido ao grande número de clientes que você pode atingir. Perguntam-me muito, agora, no isolamento, qual o vinho ideal para tomar uma ou duas taças e não estragar a garrafa. Para isso, respondo que, de preferência, um vinho jovem, de uma safra recente.
Todo vinho fica “vivo” dentro da garrafa; uma vez que você a abre, o ideal é beber o conteúdo todo, mas claro que nem sempre é possível. Minha sugestão também é usar uma tampa apropriada para garrafa de vinho; desse jeito, conseguimos manter suas propriedades, aroma e sabor. E, como diz o jornalista Marcelo Copello: “Tanto a ciência quanto a religião estão desgastadas; restaram arte e vinho, que nos intrigam, nos levam a questionar, sem necessidade de respostas.”
Alberto Sued Ramos é importador de vinhos, à frente da ACF Wines, com os sócios Clóvis e Fred Ferro. No Brasil, ele detém a exclusividade da marca “Les Animals”.