“Isso é Portinari?” — frase do escritor João Cândido Portinari, único filho de Cândido Portinari, sobre a reação dos visitantes na mostra “Portinari Raros”, inaugurada nessa quarta (28/06), no CCBB, no Centro. Ele disse também que “quando a gente olha para a obra de Portinari, parece que está olhando para 100 pintores diferentes” — nas paredes, 50 trabalhos pouco vistos ou nunca antes expostos desse importante nome das artes, que completaria 120 anos em 2023. Com curadoria de Marcello Dantas, a mostra apresenta a enorme diversidade da obra do artista, que explorou diversas linguagens.
“A importância de se dar importância àquelas coisas que não foram efetivamente olhadas durante tanto tempo. O Portinari tem um problema: os seus carros-chefes são muito grandes e muito importantes. Ele era um moralista, fez obras gigantes na ONU, muitos monumentos”, diz Marcello Dantas, que assina a curadoria dessa e também da exposição “Portinari para Todos”, em SP.
No CCBB, estão expostos estudos de dois cenários produzidos para o “Balé Iara”, da companhia Original Ballet Russe, e um dos estudos para o painel “Guerra”, da ONU, assim como pinturas e desenhos em diversas técnicas, e figurinos, mostrando um artista eclético. Quase tudo de coleções privadas.
A visitar o primeiro andar do CCBB, a mostra, em cartaz até 12 de dezembro, está dividida em núcleos, e Marcello dá algumas dicas:
— o óleo sobre tela “Meninos com Balões” (1951) e “Jangada e Carcaça” (1940) e “Menino Soltando Pipa” (1958), a única cerâmica feita por Portinari na vida;
— “O Cemitério” (1955), óleo sobre papel, a nona ilustração do livro “A selva”, de Ferreira de Castro, comemorativo dos 25 anos da primeira edição da obra, ilustrada com doze gravuras de Portinari, feitas na Casa Bertrand;
— a pintura “Tempestade” (1943), em óleo sobre tela, que foi uma encomenda de Assis Chateaubriand. Ao vê-la, ele quis comprá-la, mas Portinari explicou que já estava reservada para um amigo, prometendo-lhe fazer outra semelhante.