Paulo Betti já fez mais de 15 novelas, dezenas de peças e filmes, mas nenhum personagem seu foi tão popular quanto o Téo Pereira, blogueiro gay (praticamente uma moça) e vilão na novela “Império”. Depois de uma intensa preparação para viver o personagem, o paulista do interior, descendente de italianos, está na fase de curtir os frutos de sua interpretação.”Adoooroooo o Téo Pereira, um gay inventado pelo Aguinaldo Silva, que é uma fera. Vai ser difícil desencarnar desse personagem, vou precisar de um tempo de quarentena – adoro fazer o biquinho quando me abordam nas ruas para selfies, amo ver o povo rindo quando passo”, conta Paulo, casado com a poetisa, designer de joias e artista visual Mana Bernardes.
O ator assume até o discurso do personagem em seus comentários divertidos sobre toda essa situação: “Não tenho sentido nenhum tesão especial em áreas erógenas novas, mas, evidentemente, tenho recebido olhares lânguidos e percebo uma intenção de ‘eu já sabia’ no ar”, conta.”Talvez eu seja mesmo um bom ator, ou apenas esteja saindo do armário (rsrs)”, completa. E finaliza: “Estou vivendo um momento de glória com esse personagem, espero que não me suba a cabeça. rsrs.”
Pai de Juliana e Mariana, do seu casamento com a atriz Eliane Giardini, e de João, de 11 anos, do seu casamento com Maria Ribeiro, Betti também ficou conhecido por seu ativismo político como militante do Partido dos Trabalhadores.
Na verdade, a consciência social de Betti fala mais alto – menino de infância pobre, ele comemora o fato de milhões de brasileiros terem saído da miséria absoluta. Até mesmo como sócio da Casa da Gávea, que está fechando as portas por falta de patrocínio, Betti procurou criar oportunidades para todos. Nos saraus promovidos toda semana, poetas da Baixada eram bem-vindos, em busca de maior divulgação de seu trabalho. O ator e diretor escreve, no momento, o monólogo teatral “Autobiografia Autorizada”, em que conta sua vitoriosa história de vida. Existe um detalhe da sua vida que não pode deixar de ser falado: a gentileza – um grande bem na vida, não é?
UMA LOUCURA: “Sempre tive muito medo de ficar louco e evitei a loucura, hoje estou aprendendo a navegar nela”.
UMA ROUBADA: “Emprestar dinheiro é sempre roubada. Já levei cano, sim, não posso dizer de quem, mas emprestar é realmente roubada, quando você quer receber parece que é um crápula”.
UMA IDEIA FIXA: “Sou movido a ideia fixa, a melhor coisa é quando desisto”.
UM PORRE: “A esperança é o último porre”.
UMA FRUSTRAÇÃO: “Ser desafinado”.
UM APAGÃO: “Tenho pavio curto, nunca conto até dez, então acontece o apagão –são aqueles ‘cinco muntos’, aquela síndrome de Macbeth que eu tenho quando não sou Hamlet. Agora envelhecendo estou mais pra Hamlet, mas de vez em quando baixa o Macbeth”.
UMA SÍNDROME: “O medo de não conseguir pagar as contas”.
UM MEDO: “Tenho medo de sofrer pra morrer”.
UM DEFEITO: “Sou munheca nas coisas pequenas; pequenos gastos me atormentam”.
UM DESPRAZER: “Desprazer é gente que não cumpre a palavra, gente que joga sujeira na rua, na mata e nos rios”.
UM INSUCESSO: “Aprendo mais quando fracasso do que quando acerto”.
UM IMPULSO: “Faço quase tudo no impulso. É péssimo, minha avó dizia “quem não tem cabeça tem pernas pra andar”. Ando pra burro!
UMA PARANOIA: “Tenho paranoia em ficar desempregado: ainda acho que sou um menino pobre e desconhecido”.