A ópera “Domitila” é uma das atrações do bicentenário da Independência, no Theatro Municipal, no dia 7 de setembro, às 16h, no “foyer”. O espetáculo é dirigido por André Heller-Lopes, com Gabriella Pace (soprano), músicas de João Guilherme Ripper (escritas em 2000), na história inspirada nas 143 cartas de amor entre D. Pedro I e sua amante, Domitila de Castro, a Marquesa de Santos. “Domitila é uma mulher, de certa forma, contemporânea, passa por situações que vemos acontecer todos os dias. Ela lutou para sair de um casamento desastroso, foi atrás do imperador para conseguir a guarda dos filhos, virou sua amante, teve filhos com ele e circulava pelo meio político da época, exercendo bastante influência”, diz Gabriella.
A polêmica relação existiu entre 1822 e 1829 e acabou com uma carta de despedida para a marquesa, que foi forçada a deixar o Rio na época em que D. Pedro se casou com Dona Amélia, princesa de Leuchtenberg, o que pacificou a imagem do imperador nas cortes europeias. “Quando ela lê a carta de despedida de D. Pedro I, pedindo-lhe que não se magoasse, é um misto gigante de beleza e crueldade. Certamente é um dos momentos mais belos da ópera”, explica Pace.
Nas escadarias do lado interior do Municipal, cobertas por quatro mil rosas, a ópera é conduzida pelos músicos Priscila Bomfim (piano), Lisiane de Los Santos (violoncelo) e Cristiano Alves (clarineta). “D. Pedro I teve muitas amantes, mas nenhuma ocupou o mesmo lugar que Domitila, a mais especial da vida do imperador — que assinava as cartas como ‘Demonão’ ou ‘Foguinho’. Os textos são ora divertidos, ora dramáticos, e também alegres e tristes”, diz André Heller-Lopes.
O espetáculo ainda terá apresentações no dia 10, no Conservatório de Tatuí (SP), e no dia 13, no Teatro Municipal de São Paulo.