Djamila Ribeiro, filósofa, escritora e articulista da Folha de São Paulo, destaca a importância de o atacante Paulinho, da Seleção Brasileira, ter se posicionado, em carta publicada no “The Player’s Tribune”, com o título “Que Exu ilumine o Brasil”, nessa terça (20/07), principalmente sobre sua religião, o candomblé.”
“Paulinho, de 21 anos, publicamente exalta sua fé, exalta Exu, o Senhor dos Caminhos. É importante porque vivemos em um país que historicamente promove perseguição e criminalização das religiões de matriz africana. Terreiros são depredados, o povo de axé é agredido na rua, forçado a retirar seus símbolos no ambiente de trabalho. É importante porque, no meio do futebol, há uma supremacia cristã, e muitos jogadores proferem discurso de ódio contra o povo de axé. É importante porque muitos jogadores e torcedores vão a terreiros, mas não revelam em público. Essas pessoas têm em quem se inspirar. Paulinho é filho de Oxóssi, dono de uma única flecha que abre um mundo de possibilidades”, diz Djamila.
O texto do jogador tem sido muito replicado nas redes e, além da religião, ele fala das desigualdades sociais no Brasil, detona condutas do presidente Jair Bolsonaro e disse que o bicampeonato olímpico pode ser um alento para um país que lida com a pandemia de Covid-19. O “The Player’s Tribune”, uma plataforma fundada por Derek Jeter, ex-jogador da Liga de Beisebol, publica histórias, em primeira pessoa, de atletas profissionais.