A escritora Djamila Ribeiro tentou traduzir, nesta segunda (16/05), o que sentiu sobre o encontro com a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, uma das principais atrações do “LER — Salão Carioca do Livro”, para um auditório de três mil pessoas no Maracanãzinho, na noite de sábado (14/05), com ingressos esgotados em 45 minutos. “Foi uma noite histórica neste país. A queridíssima e admirável Chimamanda mostrou toda a sua realeza em uma visita ao Rio, especial como a passagem de um cometa. Nunca antes, na história deste país, o Maracanãzinho tinha recebido uma escritora para milhares de pessoas. Foi uma noite memorável. Encontrar Chimamanda foi um encontro de amor. Acolhimento. Irmandade. Profundamente emocionada. Ela perguntou da minha vida, infância, da minha filha. Uma mulher incrível, humana, acessível”, escreveu Djamila, que conheceu Chimamanda pessoalmente na sexta (13/05), em coletiva no hotel onde estava hospedada, em Copacabana. Rapidamente, as duas pareciam amigas de infância.
Antes do “LER”, Djamilia esteve num jantar com a nigeriana, no qual também estiveram o casal Lázaro Ramos e Taís Araújo, o coreógrafo José Carlos Arandiba e as jornalistas Eliana Alves Cruz e Maju Coutinho, que entrevistou Chimananda para o “Fantástico”, nesse domingo (15/05).
Entre sexta a domingo (13 a 15/05), a agenda de Chimamanda estava lotada. Mesmo assim, ela teve tempo de dar um passeio na Rocinha, depois de saber que a maioria dos moradores de lá eram negros. Achou a favela muito parecida com a Nigéria e se sentiu em casa — ficou encantada com o projeto “Cozinha do Amanhã”, criado pela chef Morena Leite, do Instituto Capim Santo, com cursos de capacitação e formação de profissionais na área de gastronomia na cozinha industrial da Biblioteca Parque. Entre escolher almoçar sentada tranquilamente num restaurante, ela preferiu pegar uma quentinha e comer na van, enquanto rumava para o Pão de Açúcar. É que, na sua última passagem pela cidade, em 2008, para participar da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), o marido, o médico Ivara Esege, estava doente e não pôde aproveitar a cidade.
No Maracanãzinho, prometeu que voltaria ao Brasil: “Espero que, quando eu estiver aqui de novo, vocês tenham um governante que respeite as mulheres.”