O mundo da moda (principalmente) e todo lugar onde ele tenha passado e criado laços (sempre criava) estão tristes e perplexos com a morte do empreendedor Wiled Sander, na manhã desta sexta (02/07), em Brasília, aos 49 anos, depois de internado por complicações de uma cirurgia bariátrica. Wiled desembaraçava qualquer tristeza, puxava a alegria para perto de si e de quem estivesse com ele. Era aquele perfil que a gente agradecia depois de encontrá-lo. Tinha sempre um comentário inteligente, (ora ácido, ora doce) e bem-humorado para aquelas criaturas que se acham um pouco acima do chão. Sua vida era humor-acima-de-tudo. “Pegou todo mundo muito de surpresa, e foi muito rápido. Estamos todos bem chocados, embora a gente saiba que ele estava realizando um sonho, que era fazer essa operação”, diz a joalheira e cantora Iara Figueiredo, prima de Wiled.
Wiled fez a cirurgia no último sábado (26/06). Até então, tudo bem, tanto que ele até publicou um vídeo em seu Instagram, no quarto do hospital, filmado pela mãe, Tatiana Menezes Silveira, acompanhante do filho. Na noite de quinta (01/07), ele passou mal, sentiu falta de ar, voltou ao hospital e foi intubado. A causa exata parece indefinida: “Nosso amado teve complicações no pós-cirúrgico (bariátrica)”, diz o comunicado da família.
Wiled deixa boa parte do Rio de luto. Quando chegou à cidade carioca, vindo do interior, começou a trabalhar com a relações- públicas Lalá Guimarães, por intermédio da tia, Iolanda Figueiredo, frequentando as semanas de moda quando elas ainda eram um acontecimento. Depois de fazer uma rede de contatos, ele criou sua própria assessoria de imprensa, com muitos clientes. Em 2016, desestimulado, resolveu se mudar para São Paulo e criar a marca Kataploft, com foco no conceito do “upcycle” (o reúso de peças esquecidas no armário), recriando bolsas, sapatos, óculos e tudo mais que pudesse ser reaproveitado — o destaque da pandemia foram as pantufas que começou a produzir no ano passado, criativas, divertidas, coloridas e originais, que conquistaram adeptos, como a jornalista Astrid Fontenelle, que deu nome a uma recente coleção. “Inacreditável! Ele estava tão feliz, tão cheio de sonhos… Que descanse em paz”, escreveu Fontenelle no post da Kataploft.
A escritora Thalita Rebouças, amiga de Wiled, também fez uma despedida nas redes: “É assim que eu vou me lembrar de você: fazendo carão e me fazendo chorar de rir a cada 15 segundos, coçando a minha orelha o dia inteiro (inferno hahaha) e dormindo de conchinha comigo. Eu ainda não tô acreditando. Não foi covid, mas, por conta do covid não teve UTI pra te socorrer, meu amor. Eu tinha tanta certeza de que você ia voltar linda e magra, fazendo piada de tudo isso. Tanta… Eu te amo pra sempre e nem sei o que dizer e o que pensar agora. Só sei sentir. Saudade. Muita saudade. Tá um buraco no peito, sabe? Gigante como o amor que eu sinto por você. Minhas pantufas @kataploft viraram relíquias e vão esquentar pra sempre meus pés — e meu coração. Um pedacinho de você comigo. Vai em paz, meu amigo, meu irmão. Mais de 25 anos convivendo com você. Isso eu chamo de privilégio. Manda um beijo pro meu pai. Ele sempre te amou. Tá te esperando com uma taça de vinho dos bons, com certeza. E dessa vez não vai te atropelar de ‘motinho’, pode ter certeza. Rsrs. Eu rio, mas é de dor. Eu te amo. Que sacanagem”.
O enterro será em João Pinheiro, interior de Minas Gerais, sua cidade natal, neste sábado (03/07).