Quem passava pela Praça Santos Dumont, na Gávea, nessa terça (30/11), notou um caminhão em tons verde e roxo com a bunda de um elefante na parte de trás. É o “Busão” — caminhão adaptado para receber trabalhos de artes visuais e experimentos interativos de abordagem científica. Essa foi a primeira parada, onde fica pelo mês de dezembro, com trabalhos de artistas, como Vik Muniz, Suzana Queiroga, Jaider Esbell (1979-2021), Walmor Correa e Piero Manzoni (1933-1963).
A ideia do ”Busão” foi dos curadores Marcello Dantas e Luiz Alberto Rezende de Oliveira, com produção de Renata Lima, da Das Lima Produções, e da dupla Lilian Pieroni e Luciana Levacov, da Carioca DNA. Quem visitar vai descobrir, com muito humor, que há mais de um quatrilhão de bactérias na Terra, dos quais 100 bilhões moram no corpo humano, e 99,99% ainda sequer foram descobertos. “É preciso usar a arte como plataforma para entender as forças que estão em constante relação”, diz Dantas.
Um dos destaques é a obra “Merda de Artista”, do italiano Piero Manzoni (1933-1963), uma série de 90 latas com o cocô do próprio artista — uma latinha (fechada, claro!) está lá, como se, ali dentro, ele conseguisse preservar algo de sua identidade biológica. Conhecido como um dos criadores mais radicais da história da arte, Manzoni afirmava que “todos os artistas deveriam vender suas impressões digitais ou a sua própria merda em latinhas. Se o colecionador quiser algo íntimo e pessoal, ele pode comprar a sua merda”. Que tal? Em 2016, uma das latinhas chegou a ser leiloada por 275 mil euros (mais ou menos R$ 1,7 milhão).
Em 2022, o projeto vai para o Parque Madureira, Praça Mauá, MAM e Cidade das Artes.