Foi uma espécie de aula “magna” para produtores culturais a 21ª edição do “Fórum Empresarial LIDE”, nessa quinta (23/06), no Fairmont, em Copacabana, com o bate-papo “Noites Cariocas”, criado por Nelson Motta, sucesso nos anos 80 e trazido à tona nos anos 2000 e 2022 pelo empresário Luiz Calainho e parceiros. Ali, o empresário Ricardo Amaral, sucesso na noite por 30 anos; o cantor e compositor Roberto Menescal, um dos fundadores da Bossa Nova; além do empresário Alexandre Accioly, investidor em vários setores; com moderação de Calainho, fundador da L21Corp, que atua nas áreas de mídia, cultura e entretenimento.
Na conversa, o amor ao Rio, onde eles trabalham, investem e têm retorno. “Tudo que eu aprendi na minha vida foi na troca com a cidade, com os cariocas. Acho que o Rio tem um potencial de ecoar as coisas feitas aqui para o Brasil todo e é muito mais fácil começar uma empresa num lugar assim”, incentivou Accioly.
E veio Menescal com as histórias mais esperadas. “Até meus 17 anos, meu mundo era Copacabana. Conheci Nara Leão e toda a nossa turminha de músicos que criou o movimento que mais tarde seria chamado Bossa Nova. Nossas músicas traduziam o Rio que a gente adorava e ainda adora”, começou Menescal. E chegou até o 1º Festival Nacional da Bossa Nova, em Nova York, em 1962, quando, a convite do Itamaraty, a turma com pouco mais de 20 anos partiu para os EUA. No Brasil, o evento ecoou como fracassado, mas o show no Carnegie Hall teve 3 mil pessoas aplaudindo enlouquecidamente. “Eu disse que não podia ir, porque teria uma pescaria em Cabo Frio. Aí Tom Jobim me telefonou e falou: ‘você não pode ir por causa de uma pescaria? Nós estamos representando o Brasil lá!’ Aí nós fomos! Chego no Carnegie Hall, a pessoa que eu combinei de cantar não apareceu. O produtor do show falou: você canta muito bem. Aí eu estreei e errei a letra da minha própria música, ‘Barquinho’”.
E continuou: “Quando cheguei ao Brasil a imprensa estava toda me esperando e me perguntaram sobre o fracasso do Carnegie Hall. Aí mostraram a revista ‘O Cruzeiro’ com fotos de todos nós, de uma matéria feita 10 dias antes. Mas havia uma filmagem do show em Nova York com 3 mil pessoas, um sucesso. Ricardo Amaral foi quem me convidou para falar aos jornalistas sobre o assunto e quando perguntaram sobre o fracasso, Amaral mostrou o filme, com 3 mil pessoas aplaudindo. Havia uma ‘conspiração’ contra a gente porque esse filme sumiu por 40 anos”.