Está feliz porque o Rio é a primeira cidade a receber da Unesco o título de Capital Mundial da Arquitetura? Aqui estão alguns nomes cariocas para falar do assunto. O anúncio foi feito em Paris, nesta sexta-feira (18/01). A secretária municipal de Urbanismo, Verena Andreatta, representou a Prefeitura na cerimônia. Em 2020, o Rio será sede do 27º Congresso Mundial de Arquitetos, que acontece a cada três anos, e, a partir da edição carioca, a cidade que sediar o evento também vai receber o título criado ano passado pela Unesco e pela União Internacional dos Arquitetos (UIA).
Convidamos alguns arquitetos do mais alto conceito em qualquer lugar do mundo para falar do assunto.
Julio Ono (um dos sócios da terceira geração de arquitetos do Escritório Burle Marx): “Esse título é muito importante para a cidade, e o paisagismo está interligado à arquitetura, tanto que a cidade ganhou, em 2012, o título de primeira paisagem cultural urbana declarada Patrimônio Mundial, também pela Unesco. Meu pai (Haruyoshi Ono — o mais aplicado discípulo de Roberto Burle Marx —, que morreu em 2016), participou com o acervo do escritório para essa chancela. Esse título valoriza a cidade que, de certa forma, eles ajudaram a construir – fizeram o calçadão de Copacabana e o Parque do Flamengo. Acho que os moradores têm que parar de falar mal do Rio e passar a enxergar o lado bom porque o ruim todo mundo conhece, mas as pessoas costumam tirar foto nas redes sociais do pôr do sol em diversos lugares, de cartões-postais, de prédios históricos… Um dos conceitos que o Roberto pregava era usar o espaço público a favor da população, mas não adianta nada se o povo não cuidar do que é seu.”
Luiz Eduardo Indio da Costa: “Isso é o reconhecimento de que nós temos um grande patrimônio arquitetônico, que atravessa várias épocas, desde o Império, passando pela República, até a arquitetura moderna. O Rio é uma cidade que, de alguma forma, tem um histórico arquitetônico muito claro, e isso é muito bonito. Nós temos obras, inclusive públicas, como o Theatro Municipal, a Avenida Rio Branco, o Aterro do Flamengo, o Museu de Arte Moderna, o Palácio Gustavo Capanema e obras econográficas, como o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, a Baía de Guanabara. Só ganhamos com isso. Vai também incorporar a esse período uma série de eventos ligados à arquitetura. Vem num momento muito bom para a autoestima brasileira, e vai nos estimular, nos desafiar, nos ajudar. Ter sido a primeira capital escolhida é bastante sintomático porque a Unesco tem todas as cidades do mundo para escolher, como Nova York, Paris, Londres etc., com acervos também muito bons… e foi o nosso Rio.”
Paula Neder: “Penso em tantos nomes de arquitetos incríveis que hoje estariam em festa; dá para imaginá-los comemorando! Foram inúmeros profissionais apaixonados, competentes e criativos que nos trouxeram esse título. Vislumbro toda a população engajada na proteção, valorização e no conhecimento desse conjunto de obras maravilhoso que temos aqui. Viva o Rio, lindo por natureza, e que hoje se torna a primeira Capital Mundial da Arquitetura! Vale destacar o esforço do Iphan ao longo dessa história e também a qualidade dos arquitetos que atuaram aqui e construíram um conjunto de obras que nos trouxe esse título.Temos exemplos magníficos de vários períodos da história e dos movimentos arquitetônicos e acredito que essas obras terão, a partir de agora, mais atenção por parte de toda a população.”
Sérgio Conde Caldas: “O Rio tem isso de aliar uma paisagem natural única com essa diversidade de estilos, desde o Barroco até o contemporâneo, com grandes e icônicos exemplares em todas as fases. Esse título amplia a discussão, crítica e a cultura arquitetônica de qualidade quase inexistente no País. Isso cria uma boa perspectiva para os escritórios de arquitetura e para os jovens arquitetos. É um momento de celebração”.