A atriz Angela Figueiredo e o titã Branco Mello, juntos há mais de 20 anos, trabalham na peça “As moças: o último beijo”, que estreia no Rio na quinta-feira (05/03), depois de quase um ano em São Paulo. Angela divide o palco com a atriz Fernanda Cunha, e Branco assina a trilha sonora da peça considerada uma clássico da dramaturgia brasileira dos anos 60 – Isabel Câmara ganhou com ela o Prêmio Molière de Melhor Autor de 1970.
A autora fez parte da geração de autores composta por Antônio Bivar, Leilah Assumpção, José Vicente e Consuelo de Castro que fez um retrato existencial daquela época, de revolução sexual e muita repressão política.
“Pra fazer a trilha do espetáculo pensei muito no Brasil e na música do final dos anos 70. Me aprofundando na loucura da relação das personagens, Tereza e Ana, achei que a história delas poderia ter acontecido tanto num conjugado em Copacabana quanto em qualquer outro lugar do mundo”, diz Branco. Ele coloca na peça duas músicas de Chet Baker ( “You and the Night” e “Alone Together”), duas de Jimi Hendrix (“Once I Had a Woman” e “Born I Had a Bad Sing”), The Doors ( “Soul Kitchen”), Mutantes (“Fuga nº II”), John Coltrane (“Round Midnight”), The Who (“Baba O’ Riley”), Miles Davis (‘Feio”) e Iggy Pop (“Nightclubbing).
A história retrata um casal gay de mulheres: o personagem de Angela é uma jornalista de 40 anos, desencantada com a vida, e Fernanda Cunha interpreta uma jovem e sensual atriz.
Nessa montagem no Teatro Poeirinha, dirigida por André Garolli, vão ser permitidos apenas 46 espectadores por sessão, para que a ação se desenrole bem próxima à plateia. Numa grande cortina de miçangas, ao fundo, são projetadas imagens variadas das próprias atriz, destacando detalhes da ação – mão, boca, um olhar – como uma lente de aumento.