Até o final do ano, a Editora Leya vai lançar o livro, ainda sem título, sobre a vida de Sebastião Santos, um dos sete catadores de lixo que colaboraram com o artista plástico Vik Muniz para a produção de obras de arte com material recolhido no lixão do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, trabalho registrado no documentário “Lixo Extraordinário”. “Todo mundo conhece o Tião do filme, mas quero contar a minha história, do menino de 11 anos que começou a catar lixo até hoje, o homem de 35 anos”, diz ele, sétimo filho de oito, de uma família criada dependente dessa atividade.
Apesar de o lixão de Jardim Gramacho ter acabado, Sebastião ainda é presidente da associação de catadores local. “Tenho que devolver o que conquistei de alguma forma”, afirma, confessando-se preocupado com a situação dos antigos colegas. “Apenas 60 catadores estão empregados no pólo de reciclagem que surgiu para substituir o lixão, mas se os municípios não colocam em prática a coleta seletiva, como eles podem realizar o trabalho e ter um salário digno?”, questiona.
Tião, felizmente, tem hoje uma situação confortável: comprou um sítio em Santa Cruz da Serra e colocou as duas filhas e a sobrinha em colégio particular e cursos de inglês e espanhol. “Elas têm a educação que eu gostaria de ter tido”, diz. Ele vive de consultorias sobre coleta seletiva para empresas, para municípios que estão em vias de acabar com seus lixões e também tem um cargo na mesma área no Banco Mundial.