Quando o orgulho é ferido, sentimos raiva e, se guardamos essa emoção dentro de nós, ficamos “ressentidos”.
Re + sentir é “sentir novamente”.
O ressentimento cria internamente um bloqueio “gelado” que derrete, à passagem, qualquer outro sentimento mais caloroso. A energia estagnada nos fará sentir a dor de novo, que se repetirá indefinidamente, impedindo o relacionamento amoroso real, até que o equilíbrio se refaça através de uma “vingança”.
Mesmo em momentos em que gostaríamos de estar desfrutando outra emoção, o desejo não é o suficiente para derreter o “iceberg” formado pela mágoa. Ficamos prisioneiro da Lei do Equilíbrio.
Mas será que um gesto de arrependimento, de desculpa, ou um pedido de perdão não seriam suficientes? Às vezes, sim; mas o que é a necessidade de um pedido de perdão senão uma vingança que exige a humilhação do outro através do reconhecimento de sua culpa?
Costumo dizer que o ORGULHO é o “calcanhar de aquiles” do ser humano, a parte mais frágil e a causa de quase todos os desentendimentos e guerras. As mulheres naturalmente sensíveis são presas fáceis do ressentimento em uma relação amorosa, pela falta de delicadeza de seus companheiros, que, por sua própria estrutura, são mais insensíveis. Tornam-se mestras em pequenas e grandes vinganças, visando intimamente à possibilidade de restaurar o equilíbrio da relação, até no sentido de preservá-la.
Uma das armas mais usadas é o sexo. Por ressentimento, muitas das vezes inconscientemente, o seu desejo diminui e começam as célebres recusas (explícitas ou implícitas), usando de vários artifícios e desculpas:
– Hoje não. Estou exausta!
Ou, depois do jantar, já começa a preparação:
– Tive um dia péssimo, estou morrendo de dor de cabeça.
Ou fica ocupada com as crianças e mil outros afazeres, não dando chance ao macho desejoso um minuto sequer a sós… Até que, exausto de esperar, ele adormece frustrado.
No homem, o sexo também é muito usado como instrumento de vingança à falta de atenção de sua mulher ou à suposição de uma traição, buscando imediatamente a sua reafirmação de macho, humilhando-a ao tomar uma posição de conquistador com outras. Em muitos casos, a impotência masculina nada mais é que a consequência de um ressentimento mais forte.
Ah! Que quantidade de traições cometidas em nome do ressentimento, visando apenas restaurar o orgulho machucado pelo outro…
É o início da competição pela vingança: ganha o que machuca mais! O antigo amor transformou-se em ódio!
Existem, sim, casamentos de amor, mas um número muito maior de casamentos de ódio, alimentados pelo ressentimento, que, em última análise, é um apego à dor!