Prezada Ministra Marina Silva,
Meu nome é Mario Moscatelli, sou biólogo que trabalha na defesa da zona costeira compreendida entre as baías de Guanabara e Ilha Grande desde 1997.
Não sei se a ministra se lembra de mim, ou das duas apresentações que lhe fiz. A primeira tratando do sistema lagunar de Jacarepaguá, enquanto senadora e, anos depois, numa palestra, quando a senhora participava como ministra pela primeira vez do governo Federal.
Vivemos tempos cada vez mais difíceis desde então, em termos ambientais e que se refletem diretamente na saúde da sociedade e na economia.
Não vou ficar analisando causas e consequências do processo de incineração pelo qual vários biomas brasileiros estão passando na sua gestão, processo que já ocorreu em anos anteriores, mas não com a atual intensidade.
Vivemos uma tempestade perfeita, em que, por um lado, temos uma cultura basicamente reativa e quase nada preventiva, fato que agrava de maneira desproporcional o aspecto predatório dessa mesma cultura num contexto ambiental de extremos climáticos, em que a impunidade é quase que uma certeza absoluta por parte dos delinquentes ambientais, que hoje eu já classifico de terroristas ambientais.
Não tenho a menor dúvida de que vivemos uma guerra civil em termos ambientais e consequentemente entendo que precisamos de uma coluna vertebral de ações de curto, médio e longo prazo, que se caracterizem de forma reativa, punitiva e preventiva.
A utilização da inteligência dos órgãos policiais, articulados com os órgãos de fiscalização ambiental e as Forças Armadas, é, no meu entendimento, fundamental para lidar com esse potencial movimento de terrorismo ambiental, que, movido sabe-se lá por quais motivos, coloca praticamente toda a sociedade e a biodiversidade de nosso país em perigo.
Peço-lhe que, o quanto antes, apresente publicamente um plano emergencial, bem como informe à sociedade de onde virão os recursos financeiros para a materialização das ações projetadas.
O tempo das procrastinações acabou. Precisamos todos, cada um de seu jeito, articulados ou não, nos unir para dar combate, por meio de ações da sociedade, executivo, legislativo e judiciário, ao que entendo ser o maior perigo que este país passa desde seu ‘descobrimento’.
Neste contexto histórico extraordinariamente perigoso em todos os sentidos, gostaria de sugerir o enquadramento das queimadas induzidas como atos de terrorismo ambiental com o endurecimento das penas atualmente existentes, exigindo dos terroristas ambientais, além da pena da perda de liberdade dos envolvidos, recuperação das áreas degradadas por conta dos mesmos.
É claro que, para isso dar certo, precisaremos de um Judiciário consciente de sua responsabilidade histórica num contexto de degradação ambiental sem precedentes em nosso país.
Portanto, é fundamental que a senhora, como ministra, o quanto antes apresente esse conjunto de ações, não esquecendo que não dispomos mais de tempo.
Agradecido pela atenção.
Foto: Gerada por ChatGPT
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