David Schurmann e João Pereira de Souza; e Murilo Rosa /Fotos: Roberto Filho
O cineasta David Schurmann chegou ao Rio nessa terça (27/08), para lançar “Meu amigo pinguim”, no Village Mall, na Barra. O longa tem rodado festivais e foi lançado dia 9 de agosto em quase 2.000 salas nos EUA e recebido ótimas críticas. “É uma produção norte-americana, mas sobre uma história brasileira, dirigida por um brasileiro, com 90% da equipe e atores brasileiros. E rodamos grande parte do filme no Brasil. Conquistamos um espaço gigantesco nas telas americanas para mostrar o Brasil ao lado de muitos talentos do nosso cinema nacional”, diz Schurmann.
O filme conta a história que começou em março de 2011, quando um pinguim-de-magalhães coberto de óleo do vazamento de um petroleiro foi resgatado pelo pescador João Pereira de Souza, hoje com 80 anos (interpretado pelo ator francês Jean Reno), na praia de Provetá, na Ilha Grande, em Angra dos Reis. João tratou da ave por uma semana, quando o levou de volta à praia para que voltasse à Patagônia, permaneceu com Seu João por mais 11 meses. Nascia, assim, uma amizade improvável. Durante cinco anos, o pinguim, de nome Dindim, voltou à Provetá anualmente, chegando a passar oito meses com João e apenas quatro no mar, até que, em fevereiro de 2018, “depois da troca de penas”, ele se foi e não voltou mais.
Foi filmado em Ubatuba (SP), Paraty (RJ), Argentina e Espanha e uma equipe multicultural com profissionais de 11 nacionalidades — além de Reno, a mulher do pescador é interpretada por Adriana Barraza, atriz mexicana indicada ao Oscar; o inglês Anthony Dod Mantle, vencedor do Oscar de Melhor Fotografia por “Quem Quer Ser um Milionário?”; e roteiro assinado por Kristen Lazarian e Paulina Lagudi.
Seu João estava na pré-estreia carioca e foi a “celebridade” da noite e todos que o reconheciam iam cumprimentá-lo. E também esteve na americana, no Egyptian Theater, em Hollywood (LA).
Antes da sessão, David contou algumas curiosidades sobre as gravações, como o protagonista, que foi interpretado por 10 pinguins diferentes, acompanhados por profissionais do Aquário de Ubatuba durante as filmagens. “Os pinguins tinham um trailer equipado com piscina natural de água salgada. No fim do dia, cada um era pesado para que se confirmassem que não haviam perdido peso pelo estresse das filmagens. Tive que dizer a Jean (Reno), uma lenda do cinema, que o pinguim era mais importante do que ele, e ele foi incrivelmente respeitoso e compreensivo”, contou.
O funga-funda foi intenso nas poltronas, principalmente numa das cenas que convidam o espectador a rever a relação com os animais e a natureza, quando alguém pergunta à João/Reno se o pinguim é seu animal de estimação, e ele responde, com um jeito doce e orgulhoso: “Não! Ele é meu amigo”.
Embora Schurmann tenha passado parte da sua vida velejando com a família e, aos 10 anos tenha dado a volta ao mundo num veleiro, diz que a produção não é um filme ambientalista, mas toca em questões sensíveis, como o vazamento de um petroleiro e os efeitos terríveis de uma atividade que quase matou o pinguim. Ele é presidente-executivo do Instituto Voz dos Oceanos, organização de combate à poluição marinha.
“Meu Amigo Pinguim” estreia nos cinemas pelo Brasil dia 12 de setembro e está previsto para estrear em mais de 30 países.