Eduardo Nakahara, depois de 19 anos de Mitsubá (concomitantemente a outras casas de ponta), assumiu a cozinha do Yusha, do restauranteur Marcelo Torres (Grupo BestFork Experience), na Barra, do subsolo do Rio Design Leblon, para o segundo andar do VillageMall, com vista para a Lagoa da Barra. “Agora, eu vejo o sol”, diz o itamae-san (板前, chef, sushiman), que vem mudando hábitos (menos salmão, mais peixes frescos da costa carioca) no balcão, para 14 felizardos, onde serve seu omakase, “eu confio em você”, em japonês.
São 14 assentos diante de Nakahara e outros sushimans. No lugar de salmão (“80% dos clientes da Barra só querem salmão”), uma variedade estrelada de peixes e frutos do mar da costa carioca: badejo, robalo, xerelete, olhete… As iguarias roubam a cena também: orelha de lula (pescada pelo gerente da casa, Alexandre Romão, no Leme), siri azul (caranguejo de águas profundas), vieiras canadenses, Wagyu A5, Atum Bluefin (Espanha), Unagui (enguia) e Caviar Beluga, dentre outros.
Para limpar o palato, gengibre e folha de shiso e mitsubá (três pontas). Filho de dois japoneses, o nissei Nakahara começou a fazer sushi aos 14 anos e, aos 52 anos, não pretende parar tão cedo. E ele gosta de impressionar: logo de entrada, antes de mandar para as mãos do comensal a berinjela cozinha servida no missô, faz questão de mostrar uma caixa de madeira de pinho feita sob encomenda, abarrotada de peixes frescos do dia. Um pouco abaixo, uma panela com o arroz especial da noite, “o do omakase é diferente do do dia a dia da da casa”, pontua, mostrando tudo com as mãos: um verdadeiro balé de sabores avinagrados, em perfeita combinação, tudo a ver com o que ele vai servir ao longo de quase duas horas — um desfile de sabor, inteligência, ousadia e, claro, confiança.
Nakahara já foi eleito, em 2016, o melhor sushiman do Brasil; ficou entre os 17 melhores do mundo, na Sushi World Cup, em 2017, no Japão. Também fez história à frente do Madame Butterfly, Miako e Azumi, e atualmente esbanja uma gastronomia clássica, com receitas autorais e respeito às tradições. Repare nos cortes precisos e na posição de faca em descanso. Sinta a harmonia perfeita entre textura, acidez e temperatura. O resto é sentar e apreciar o espetáculo da primeira fila.
Fotos: Bruno Calixto
Omakase do Nakahara, a partir de R$ 368, 18 cursos.