Em vários semblantes dos mais de mil convidados, percebia-se um sentimento de prazer durante a exposição “Rio: desejo de uma cidade | 1904-2024”, na Casa Roberto Marinho, mais ainda nos cariocas de verdade: “A mostra apresenta as múltiplas facetas desse lugar e exalta a sua exuberância indiscutível, sem ocultar os problemas. As peças apresentadas nos ajudam a pensar os caminhos que nos trouxeram até os dias de hoje”, diz Lauro Cavalcanti, diretor da casa e um dos curadores junto à Márcia Mello e Victor Burton
Inaugurada nesse sábado (11/05), a mostra parte da data de nascimento do jornalista e empresário Roberto Marinho (1904-2003), que faria 120 anos em 2024. Na coletiva, constam 200 trabalhos variados: fotografias, pinturas, esculturas, vídeos, gravuras e desenhos de 75 artistas brasileiros e estrangeiros. Além das artes plásticas, a exposição dialoga com outras linguagens, como a música, a literatura, o cinema e o teatro, que contribuíram para formar a cultura carioca. Os curadores incluíram artistas de outros lugares sociais, como das periferias, pouco vistos nos espaços institucionais.
Destaca-se um conjunto de 80 fotografias de pequeno porte, de pessoas com tatuagens do Rio, muitos deles turistas: o relevo sinuoso do Morro Dois Irmãos, o Corcovado e o Pão de Açúcar. E, ainda, o viés literário, pontuado por poesias e crônicas que têm a cidade como protagonista: “Copacabana”, de Vinicius de Moraes; “Os inocentes do Leblon”, de Carlos Drummond de Andrade; “Noite carioca”, de Ana Cristina Cesar; e “Botafogo”, de Murilo Mendes. A crônica “De Cascadura ao Garnier”, escrita em 1922 por Lima Barreto, e o texto “A alma encantadora das ruas” (1908), de João do Rio, nos ajudam a compreender a cidade, mostrando ainda que não precisa nascer no RJ para ter o espírito carioca, a gente sabe.