Vinte anos depois do término da Frankie & Amaury, que teve uma incrível trajetória na vida carioca, alguns clássicos da marca estão sendo reeditados: o primeiro deles, a mochila Carla, foi nessa terça (30/04), na multimarcas Pinga, em Ipanema.
A grife fez muito sucesso com as famosas peças de couro desde os anos 1980, criadas por Frankie Mackey, argentino, e Amaury Veras, brasileiro — juntos, conquistaram-a-vida-carioca, digamos assim.
A ideia das reedições foi da sobrinha de Amaury, Renata Veras, também designer de moda, dona do direito da marca. Ela convidou o produtor de moda Alexandre Schnabl, seu ex-professor, para diretor criativo da nova fase (ele trabalhou na Frankie & Amaury de 1998 a 2002). Ambos nunca perderam contato, mesmo ela morando na Espanha. “Fiz uma grande pesquisa, mas muito se perdeu, quando a marca acabou, nada estava digitalizado, mas sobraram fotografias e croquis. Foi preciso reconstruir todas as ferragens personalizadas, fechos e ilhoses”, diz ela.
Depois de todos os modelos vendidos, ainda pela manhã, Alexandre avisa que já tem mais 40 pedidos e “o próximo lançamento vai ser a mochila Ester, aquela de franja que todo mundo comprava para usar com a jaqueta de franjas. A produção é totalmente artesanal e passa por cinco profissionais”.
Para a divulgação da nova fase, Alexia Dechamps,Fátima Muniz Freire e Silvia Pfeifer, modelos da marca à época, estão também na recente campanha. “Eu era muito jovem, apaixonada por eles e nos divertimos imensamente num Rio nada careta. Era tudo uma festa: chegamos a encontrar o Carlos Menem (ex-presidente da Argentina) num evento da marca no Copacabana Palace. Tenho peças deles inteiras há mais de 30 anos”, contou Alexia.
A princípio, o convite a Schnabl foi para escrever um livro sobre a marca, pela Luste Editores, que está na fase de entrevistas. “Renata falava para mim que tinha vontade de voltar com a marca e eu dei força porque a grife tem uma carga afetiva no Rio e amadurecemos essa ideia. Já tem uma coleção de roupas desenhada”.
Tem também um filme que está sendo negociado para a Netflix, com direção de Zé Henrique Fonseca, produzido pela Zola Filmes.
Amaury foi encontrado morto em 2004, em seu apartamento, no Arpoador, com uma echarpe de seda enrolada no pescoço. O caso parecia suicídio, mas a perícia descobriu que ele foi assassinado, tendo como suspeito… Frankie Mackey, cuja prisão foi decretada, mas ele fugiu e morreu em 2015, antes de ir a júri popular. Mesmo com essa tragédia, impossível essa história ser resumida assim. Ambos ficaram no coração da maioria do Rio.