“Os bueiros não se entopem por iniciativa própria… A situação é similar à dos usuários de drogas: sempre acham que não têm nada a ver com a violência ou qualquer dos transtornos trazidos pelo tráfico. É como se essas coisas surgissem do além, ninguém contribuiu com isso. Quando chove, não desce só o que jogam por aqueles bueiros (quase sempre entupidos) — descem esperanças de famílias inteiras, descem revolta e raiva, descem lágrimas e muitas outras coisas. Muitos dos que agem assim têm sempre um discurso contra os políticos, que deveriam fazer isso e aquilo. Não tire conclusões precipitadas. Não sabemos quando isso vai “ter jeito”, mas você pode começar hoje: saia do grupo que acha defeitos em todos menos em si mesmo. Lembre-se: o papelzinho de bala pode ter um grande significado. Um gesto aparentemente banal pode ser muito importante.” Isso é trecho do meu artigo “Essa sujeira é nossa”, publicado no jornal O Globo, em 17 de novembro de 2009.