O ano está acabando, e eu apareço de novo para fazer minha retrospectiva. Para quem chegou até aqui forte, feliz e otimista, desejo meus sinceros parabéns. Eu virei o ano com o pé direito no chão, fazendo milhões de planos, e não realizei absolutamente nenhum deles. Prefiro pensar que chegar viva e saudável já é um bom presente. A pressão do Natal é gigantesca: aumenta ainda mais nossos medos e ansiedades. Isso sem falar no Ano Novo — a certeza de que a virada de um número, de um dia e de um ano vai zerar o jogo da vida e recomeçar tudo do zero, como se as 12 parcelas do cartão desaparecessem no dia 1º do ano.
Eu sou uma eterna pessimista. Tento, de toda forma, melhorar isso, mas, diante deste mundo cão, fica bastante difícil. Semana passada, meu psiquiatra me falou uma frase que não sai da minha cabeça desde então: “o ser humano é um projeto fracassado”. Escutando isso de uma pessoa que passou a vida estudando pessoas me deixou ainda mais perplexa. E não é que ele tem razão? É só parar por um minuto em silêncio e tirar suas conclusões.
Enquanto isso, mesmo cansada de mim mesma, sigo tomando minha Coca zero, comendo porcarias, engolindo minhas tarjas pretas compulsivamente, observando tudo e todos, rindo de mim e falando muita besteira com os próximos, mantendo o humor. Não o bom humor, pois isso eu não tenho, mas tenho um enorme senso de humor. Quero apenas leveza, nada que me faça pensar muito e queime meus neurônios, que, mesmo sendo loira, são muito mais que dois.
Tenho preferido ficar em casa, na minha, sem contato social. E confesso que cada convite para sair e socializar me faz tremer. Tenho me achado tão insuportável a ponto de sentir que a minha companhia é totalmente dispensável. Vamos combinar que, na realidade, estamos todos de saco cheio, portanto vamos colocar asas e voar — nos sonhos e nos desejos. O máximo que pode acontecer é nada acontecer.
Mesmo assim, desejo a todos os leitores desta coluna um 2024 maravilhoso, com sonhos realizados, mais otimismo do que o meu, saúde, paz, amor, sexo, risadas, mais olho no olho e menos olho no celular (existe vida fora dele ou, pelo menos, deve existir). Estamos todos no mesmo barco. Que o vento nos leve ao bom caminho e à direção certa!