Natal virou uma data mercantilista, mas a gente pode tentar acessar o coração de outras maneiras. Perguntamos a seis personagens frequentes aqui na coluna: “A trazer um personagem de qualquer época para o seu Natal, vivo ou morto, quem seria e por quê?”
Daniella Sarahyba (modelo): “Meu sonho seria ter meu pai de volta numa noite de Natal — amava essa data ao lado dele. Meu pai morreu aos 41 anos, quando eu tinha 10. Foi uma perda traumática, mas, com o tempo, fui entendendo que é o ciclo da vida e que ele virou meu maior anjo da guarda, me guiando e iluminando meu caminho e da minha família.”
Jorge Farjalla (diretor de teatro): “A Xuxa. Pra mim, ela simboliza o sagrado, que é o Natal, esse encontro com o Papai Noel da minha criança, do meu adolescente e do meu adulto. A gente esperava aquele especial de Natal (produzido pela TV Globo entre 1989 e 2010), o que ela ia trazer pra nós. E porque é devido a ela ser responsável por toda uma geração, a minha geração, que acredita em Natal e Papai Noel, que eu acredito até hoje, porque, senão acreditar em Coelho da Páscoa, em Natal, em Papai Noel e em fazer o bem para o outro, em que a gente vai melhorar? Se isso não acontecer, a gente não está vivo. E a Xuxa é pra mim essa estrela-guia que simboliza tudo isso”.
Paula Klien (artista plástica): “Me traga Almodóvar! Ele vai se apaixonar pelo meu livro (ainda a ser lançado) e vai rodar o filme “‘Todas as minhas mortes!'”
Rodrigo Pitta (diretor artístico): Eu traria de volta Jesus Cristo porque acho que a humanidade está precisando passar seu aniversário com Ele, pra ver se para de se destruir ao redor do mundo. Seria profundo e questionado.
Silviano Santiago (escritor): “Traria João do Rio (Paulo Barreto). Ninguém conheceu melhor que ele as várias camadas da sociedade carioca da Belle Époque. Seria um papo e tanto e entraria noite adentro. Iria de capítulo em capítulo do livro “A alma encantadora das ruas”. E aí, então, iria trazer para o papo o fantasma de Machado de Assis, que tem outras e maravilhosas informações e observações sobre o Império, que João nem adivinhava. E a aurora do novo dia nos encontraria como três bons seres humanos solidários, mas docemente contraditórios. Em suma, passaria a noite de Natal misturando leituras e com um bom uísque à mão…”.