A artista plástica Rafa Mon está inconformada: recebeu o vídeo de uma dupla colando cartazes em protesto contra Israel exatamente no mural criado por ela, nos fundos do Teatro Sérgio Porto, no Humaitá. Rafa fez a arte em homenagem a Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), poeta mineiro que foi tema do festival “Paixão de Ler 2022”, ainda em julho passado, a convite da Prefeitura em parceria com o Grupo Editorial Record.
Segundo relatos da página “Zona Sul Alerta”, a dupla colou os lambe-lambes e foi para um bar em frente. “Os dois sujeitos resolveram protestar contra Israel, destruindo uma arte que pintei. Sou contra protestos que destroem arte. Tantos locais na cidade, e resolveram fazer isso justamente onde tem uma pintura — forma preguiçosa e mesquinha de protestar. Vai ser esse cartaz de merda mesmo que vai acabar com a guerra Israel x Palestina (Hamas)? Parabéns aos envolvidos, Marieta Dantas e João”, disse Rafa Mon, que descobriu o nome completo da mulher, que já suspendeu suas contas no Instagram e LinkedIn.
No entanto, na publicação com o vídeo, muita gente critica a artista, como o diretor de arte e cenógrafo Mauro Kury: “Confesso que também achei infeliz a escolha do lugar, mas há uma metáfora aí e um veículo de potência. Quantos milhares de vidas vale um mural? Estão fazendo a mesma coisa nos grandes museus da Europa, para tentar frear o apocalipse climático. O debate que esse tipo de ação gera engaja a opinião pública, que, por sua vez, influencia políticos e empresários com poder de influenciar uma guerra”. E outros dizem que cartazes são fáceis de sair e quem fez não quis agredir a arte grafitada, mas uma ação de rebeldia. Drummond foi um dos defensores do grafite e da arte de rua.
A Secretaria Municipal de Cultura envou um comunicado dizendo que “repudia veementemente o ato de depredação pública no Espaço Cultural Sergio Porto e o muro e já iniciou os procedimentos oficiais para que os responsáveis sejam identificados e responsabilizados pelo ato criminoso”.
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