Cecilia Moraes, filha de Moraes Moreira (1947-2020), abriu a mostra “Mancha de Dendê não sai – Moraes Moreira”, nesse domingo (10/12), no Museu Histórico da Cidade, no Parque da Cidade, na Gávea, bairro amado pelo artista, onde morou grande parte da vida, fazia vida a pé e conhecia todo mundo pelo nome e vice-versa. Não raro, alguém pedia um verso, que podia ser: “Fagulhas, pontas de agulha, brilham estrelas de São João… Nas trincheiras da alegria, o que explodia era o amor” – parceria com Abel Silva, que, claro, estava lá emocionado.
“Estou muito emocionada porque o Parque da Cidade era um dos lugares onde meu pai mais gostava de passear”, dizia Cecília ao convidar o público a entrar no museu.
É a história da música popular e da cultura brasileira através da vida do artista com uma retrospectiva de sua carreira, a versatilidade como compositor, as parcerias musicais, as incursões na literatura e as raízes baianas (ele era de Ituaçu, na Chapada Diamantina) – uma das salas é dedicada aos Novos Baianos, com projeções de partidas de futebol do grupo, em que o visitante pisa na mesma terra do campinho de futebol da Bahia.
Num outro espaço, um jardim de alto-falantes foi montado para contar a estreia de Moraes nos trios elétricos de Salvador. A ideia surgiu há seis anos, do próprio Moraes, para comemorar seus 75 anos. “Mancha de Dendê não sai” é título de um álbum do músico, de 1984.
E teve surpresa para os convidados: quem estava de bobeira no parque, com o último “Ensaio Aberto” de voz e violão do músico Pedro Miranda, com todo mundo sentado no chão, alguns, amigos-de- circunstâncias, da padaria ou da farmácia, com quem Moraes criava afeto verdadeiro. A mostra está em cartaz até 12 de fevereiro.