Calor extremo, chuva e lixo sempre resultam no mesmo cenário quase todos os anos (e até mais de uma vez por ano), como aconteceu nesta terça (21/11), com a mortandade de peixes na lagoa de Jacarepaguá, na altura do Parque Olímpico. “Centenas de milhares de peixes, basicamente tilápias, morrem sufocadas. Uma mistura de décadas de falta de saneamento, temperaturas elevadíssimas, chuva carregando mais matéria orgânica dos rios e vento remexendo o fundo, liberando metano e gás sulfídrico do fundo pútrido são a receita perfeita já conhecida para o extermínio da vida que ainda persiste”, diz o biólogo Mario Moscatelli.
E continua: “Estamos trabalhando para mudar essa situação ambientalmente inaceitável, mas vai dar bastante trabalho e levar tempo; afinal, décadas de descaso e crescimento sem saneamento universalizado vão continuar cobrando seu preço ainda por algum tempo. Triste é ver as espécies morrendo sufocadas”.
Mario já alertou às autoridades responsáveis, como o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), responsável pela gestão ambiental, e às secretarias de Meio Ambiente estadual e municipal. A última “chacina” no complexo lagunar da região foi em janeiro deste ano, quando foram recolhidas 5,4 toneladas de peixes mortos.
Tem jeito? “Tem sim, a vida vai continuar de uma forma ou de outra, o que talvez não tenha mais espaço é a civilização como nós a conhecemos. Destaco que só estamos no início de tudo que foi previsto há 40 anos. Extremos climáticos e extinções em massa. Nada de novo. Destaco que quadro extremamente semelhante ocorrido décadas atrás na Lagoa Rodrigo de Freitas e a situação passou gradativamente a melhorar depois que conseguimos identificar os lançamentos de esgoto e estamos avançando. Enquanto isso, esses tristíssimos eventos ainda vão acontecer por algum tempo. Novo mesmo é se nas tais COPs forem tomadas medidas de fato práticas para combater o aquecimento global e não ficar só na conversa de palanque”, finaliza Mario.
Ver essa foto no Instagram