Quando Mauro Ventura lança livro (quase todo ano), é certeza de livraria lotada, grandes filas e convidados para os quais a cultura e as letras são tudo nesta vida. Foi assim nessa terça (07/11), na Travessa do Shopping Leblon, com “Os grandes casos do Disque Denúncia” (História Real, Intrínseca). Experiente na cobertura da segurança pública do estado do Rio, Mauro acompanhou de perto o nascimento do Disque Denúncia, que, desde sua criação, em 1995, recebeu quase três milhões de ligações e foi responsável pela prisão de mais de 20 mil bandidos e na apreensão de mais ou menos 42 mil armas e munições, além de 33 toneladas de drogas. Foram três anos de pesquisa para reunir as ocorrências mais, digamos, interessantes desses 28 anos.
“Naquele vaivém, qualquer autor ficaria feliz”, observou uma convidada… Do lado de Mauro, do início ao fim, estavam os pais tietes, Mary e Zuenir Ventura, muitos jornalistas e fãs, como Fernanda Montenegro, para quem escreveu a dedicatória: “Essa é uma das maiores emoções da minha vida! Não tenho palavras para descrever minha felicidade. Te amo! Você é o maior orgulho que temos!”.
Mauro levou um papel com “colas” de frases para fazer dedicatórias caso lhe falhasse a criatividade, claro, o que não aconteceu, e as ideias pré-fabricadas ficaram de lado.
O livro foi escrita com Zeca Borges, amigo de Mauro e coordenador do serviço desde o início das operações até sua morte, em dezembro de 2021. “Orientado por Zeca, eu estava tranquilo. Ele não só conhecia as histórias de cabeça e tinha todos os contatos necessários como também era um grande contador de casos. Lidava com os assuntos mais fúnebres e com o que havia de pior no ser humano, mas nunca se deixava contaminar”, disse Ventura.
Ele teve acesso total ao banco de dados e à equipe do serviço para reconstituir os crimes e ouvir parentes das vítimas, policiais envolvidos nas investigações e promotores públicos. “Eu sentia falta de um mergulho jornalístico mais profundo nos bastidores do serviço, de uma investigação que mostrasse o modus operandi de um trabalho marcado pelo sigilo, com anonimato dos denunciantes e dos próprios funcionários, por questões de segurança”, conta.
Nas páginas, estão bastidores de casos solucionados pelo DD, como a maior apreensão de cocaína da história do Rio (5 toneladas, em 2021), a morte bárbara de uma criança de 6 anos, uma chacina de inocentes por policiais corruptos, e assim vai…