A abertura da exposição “Nova Babel (In)Finita”, na ABL, nessa terça (31/10), foi o encontro da Ciência com a Literatura. São 300 livros com a história da literatura Ocidental em primeiras edições ou títulos raros, parte do acervo pessoal do oncologista, escritor e bibliófilo gaúcho Gilberto Schwartsmann, com curadoria de Facundo Sarmiento e olhares e textos do argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Uma frase dele se destaca num dos cantos da exposição: “Há quem se orgulhe dos livros que escreveu. Eu me orgulho dos livros que li”.
“Ilíada”, de Homero, de 1715, as primeiras traduções de “As mil e uma noites”, toda a coleção de Shakespeare… Os acadêmicos, que acabavam de sair de uma palestra do embaixador Celso Lafer sobre os 100 anos de Hélio Jaguaribe, na sala ao lado, estavam eufóricos. “É a celebração do livro como instrumento de cultura”, disse Merval Pereira, presidente da ABL.
“Difícil segurar o coração, batendo com tanta força tamanha emoção. O sonho de qualquer pessoa que ama o livro é trazer uma exposição à ABL. A literatura é uma forma de entender o sofrimento dos outros, saber que somos parecidos e que nossas dores são as mesmas que acompanham os autores desde o começo da escrita”, disse Gilberto Schwartsmann.
A pneumologista Margareth Dalcolmo, viúva do imortal Candido Mendes de Almeida, morto em 2022, conversava com o acadêmico Godofredo de Oliveira Neto sobre sua maior preocupação no momento: acabar com o uso do cigarro eletrônico “para salvar nossos jovens, para salvar a humanidade”, como disse à coluna, depois de criar uma campanha sobre o assunto.
O fio condutor da mostra é o conto de Borges “La Biblioteca de Babel” (1941), escrito a partir de um pesadelo sobre uma biblioteca onde ele trabalhou por um tempo e que a descreve assim: “Equivaleria ao Universo… composta por um número indefinido, talvez infinito, de galerias hexagonais… A Biblioteca é infinita, só pode ser obra de um Deus…”
Os livros estão em vitrines especiais, com iluminação adequada a medidas de segurança para preservação. Além delas, painéis e vídeos com textos de Jorge Luis Borges e explicações sobre tudo ali exposto, ilustrações da artista plástica Zoravia Bettiol, com imagens do mundo borgiano, como tigres, labirintos e espelhos. E, por fim, o visitante recebe uma carta lacrada do curador com algumas informações.