Durante os anos 1970 e 1980, a jornalista e tradutora carioca Rosa Freire d’Aguiar trabalhou como correspondente em Paris — tudo o que dizia respeito à cultura e à política internacional virava notícia, o que era logo despachado por telex para o Brasil, assim como as longas entrevistas que marcaram a era de ouro das revistas. Tudo isso está em “Sempre Paris — crônica de uma cidade” (Companhia das Letras), lançado nessa quinta (26/10), na Travessa de Botafogo.
São 21 entrevistas, com políticos, escritores e artistas, muitos deles figuras centrais das décadas de 1960, 1970 e 1980, como Alain Finkielkraut, Alberto Cavalcanti, Ernesto Sabato, Eugène Ionesco, Georges Simenon, Norma Bengell, Peter Brook, Raymond Aron, Roland Barthes e Simone Veil e assim vai.
Nas cem primeiras páginas das crônicas de Rosa é que você se transporta a Paris, com toda a sua vida cultural de uma época fervilhante e seus personagens.
Foi no exílio, na França, que Rosa conheceu o economista Celso Furtado (1920-2004), com quem foi casada por mais de 20 anos. “Foi numa feijoada na minha casa, nas redondezas de Paris, que Celso conheceu a Rosa. Rimos muito ao relembrar esse momento. Eu tinha apenas 16 anos e amava essas feijoadas porque elas nos aproximavam do Brasil. A minha mãe, Thereza, colocava músicas brasileiras para tocar na vitrola: todos se emocionavam. E assim fomos superando a dor do exílio. E assim começou a história de amor entre Rosa e Celso, isso em 1979”, conta o fotógrafo Fernando Rabelo.
Noite de longa fila e de memórias para a autora e seus contemporâneos.