Quem faz a travessia Ipanema-Leblon já deve ter percebido a pintura xadrez na lateral de um dos prédios de 16 andares do Condomínio Jardim de Alah, localizado na Avenida Ataulfo de Paiva, nº 50, no Leblon.
O que a maioria das pessoas não deve saber, ou se lembrar, é que essa pintura, finalizada em 2020, é um resgate do passado; originalmente, as laterais desses edifícios tinham esse desenho.
Os três prédios que formam esse condomínio foram construídos no início da década de 1950; desde aquela época, são conhecidos como o “condomínio dos jornalistas”. Cada edifício é dividido em dois blocos sem comunicação interna. A composição deles é a seguinte: o primeiro prédio, voltado para a Avenida Ataulfo de Paiva, e o último, que fica em frente ao Shopping Leblon, são unicamente de apartamentos de três quartos com 100 metros quadrados cada um, ambos divididos em dois blocos, de quatro apartamentos por andar, com portaria social e serviço próprio.
São dois elevadores por bloco. O bloco do meio é composto por apartamentos de quarto e sala (55m2), dois quartos (75m2) e três quartos (100 m2). Por muito tempo, esses foram os maiores prédios de Ipanema e Leblon. Seus 16 andares constavam nas cartas náuticas, para orientar os navios que chegavam ao Porto do Rio de Janeiro. De qualquer ponto das praias de Ipanema ou Leblon, era possível avistá-los.
No local, até os anos 1950, havia um grande terreno com parques e circos. Nos fundos, próximo à Pedreira do Baiano, ficavam os cavalos e bodes que faziam a alegria das crianças nos fins de semana, nas charretes que ficavam às margens do canal do Jardim de Alah. Do outro lado da rua, estava o Hotel Ipanema, que oferecia passeios de gôndolas pelo canal. O passado dessa área do Rio de Janeiro era incrivelmente bucólico.