Praticamente um engarrafamento humano na escadaria do prédio da Dias Ferreira, onde está a galeria Mul.ti.plo, no Leblon, para a inauguração da mostra “Quiçaça” (no vocabulário popular, mato baixo e espinhento), primeira individual da paulistana Ana Calzavara no Rio. Ela amou o jeito carioca de receber, com uma colagem de seus trabalhos reproduzidos num lambe-lambe na parede externa do predinho, em cima da livraria Argumento.
Passaram por lá nomes que fazem girar o mercado de arte visual: Carlos Leal, Eduardo Coimbra, Luiz Camillo Osório, Paulo Sérgio Duarte, Vanda Klabin, Luiz Zerbini e outros.
São 25 pinturas em óleo sobre tela, cinco sobre cerâmica, um tríptico de xilogravuras e nove “frottages” (técnica em que se usa um lápis ou outra ferramenta de desenho, fazendo uma “fricção” sobre uma superfície texturizada, como um decalque), criadas a partir de junho de 2022. “Eu estava com covid e, olhando pela varanda, vi árvores mortas, jardins mal cuidados, mas percebi que onde eu achava que não tinha nada, aparecia um monte de matinho nascendo”, explica a artista.
E continua: “Queria trazer essa graça da planta nascendo, essa vivacidade do broto. Tem uma certa alegria de esperança, insubordinação, alegria, resiliência. Mesmo nesse pequeno espaço, estamos afirmando a vida. A pintura para mim não é uma simples imagem, ela tem que trazer interesse”.
O texto crítico da mostra, em cartaz até 1º de dezembro, é de Victor Gorgulho.