Inspirado no filme “Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho, que tem feito o circuito de pré-estreias antes de chegar aos cinemas, nesta quinta (24/08), o cineasta carioca Cavi Borges fez uma espécie de curta-metragem contando a história de algumas salas de rua do Rio que fizeram história.
O filme de Kleber foi feito em sete anos, ambientando no centro do Recife, durante o século XX, reunindo imagens de arquivo, fotografias e registros em movimento sobre a história da região contada a partir das salas de cinema que movimentavam a população. “Hoje, os cinemas de rua estão sumindo. No Rio temos apenas três na Zona Sul e no Centro, o Odeon, que só abre sob demanda. Fora isso, o Roxy (em Copa) vai virar uma casa de shows. Acho que, no total, não temos nem 10, mas já tivemos mais de mil, e isso é muito louco”, diz Cavi, fundador da Cavideo e atuante de cultura no Estação Net Botafogo.
Ele inclui no vídeo salas pequenas e grandes, como o Cinematographo Rio Branco, o Cinema Ideal, o Cinema Parisiense, todos no Centro; o High Life, na Praia de Botafogo, que se transformou em Cine Guanabara, demolido em 1977; o Cine Atlântico, em Copa, e por aí vai. “Os cinemas estão virando filme, doc, memória passada e o presente são as salas nos shoppings, porque o dinheiro dita a moda, a tendência, mas o pessoal se esquece que um cinema de rua pode movimentar todo um bairro. Aqui em Botafogo, os cinemas criaram uma espécie de Baixo Botafogo, estão sempre cheios e movimentam a economia local envolvendo os moradores. Nessa terça, por exemplo, teve exposição, cineclube da associação de moradores do bairro, que depois das sessões, compram na lojinha de sorvete, no pipoqueiro, sentam nos bares…Estamos perdendo isso”, finaliza ele.