Se existe um “gêmeo” carioca do paulistano Zé Celso Martinez Correa, dramaturgo que morreu nesta quinta (06/07), seria Amir Haddad (que é mineiro, mas fez sua vida pessoal e profissional no Rio), que acaba de completar 86 anos no dia 2 de julho, a mesmíssima idade de Zé. “Eu e o Zé Celso somos praticamente irmãos gêmeos. Crescemos juntos, partilhamos momentos da história do País igualmente, fundamos juntos o grupo de Teatro Oficina, permanecemos juntos durante alguns anos no grupo. Depois eu me afastei, saí de São Paulo, e ele continuou com o grupo; eu segui o meu caminho, fui pro Norte, voltei e fiquei no Rio. Mas, na verdade, nunca me separei da minha origem no teatro, que é o Teatro Oficina; trago dentro de mim, muito forte, essa ligação”, diz Amir.
E continua: “Assim, a dor do Zé é a minha dor, a alegria dele é a minha alegria, as circunstâncias pelas quais ele e o Grupo Oficina passam são as mesmas pelas quais eu e o Grupo Tá na Rua passamos. É uma vida como se fosse a minha vida, sem falar no imenso respeito que tenho pela qualidade do seu trabalho teatral. Sempre invejei o talento do Zé Celso. Agora fica um buraco.A cultura brasileira não produz mais pessoas dessa qualidade. Não dá para falar sobre a morte de Zé Celso. Só é possível discorrer acerca da vida. Espero que a gente continue semeando o novo, como Zé Celso fazia e que essas sementes frutifiquem. O circo etéreo hoje te recebe em festa”.
Haddad está em cartaz com a 1ª edição do seu “Festival de Teatro Amir Haddad”, até 16 de julho, na Casa do Tá na Rua, na Lapa, todos os dias, a partir das 16h.