Vamos falar de amor?
No Brasil, em 12 de junho, comemoramos o Dia dos Namorados, uma data para celebrar o amor: recente, de longa data ou eterno. É especial; para mim, é marcante. Foi, em 12 de junho de 2011, que André me pediu em casamento, depois de termos conseguido a vitória da extensão dos direitos da Lei da União Estável e do Casamento Civil aos casais do mesmo sexo. Já estávamos juntos há 14 anos, mas não aceitávamos ter de nos chamar de namorados, companheiros, sócios ou melhores amigos. Esses eufemismos não valiam, pois, num país onde prevalece o Estado Democrático de Direito, os mesmos direitos têm de ter os mesmos nomes, e 120 direitos civis eram negados a casais do mesmo sexo até o STF se manifestar! E foi unânime! Coisa rara!
Junho é importante também por ser marcado pelas comemorações do Orgulho LGBTI+. São 30 dias para relembrarmos nomes mundiais que vieram antes de nós e iniciaram a difícil abertura de espaços e igualdade para cidadãs e cidadãos LGBTI+. E também para celebrarmos conquistas difíceis, recentes ou históricas, além de exercermos nossa cidadania, no intuito de mostrarmos o orgulho que temos de ser quem somos e amar a quem amamos. Olha o amor aí!… Junho é amor da cabeça aos pés. Pois, em contrapartida, de todas as espécies na Terra, apenas a raça humana é a que tem e expressa o preconceito.
Quero, gosto e vou falar de amor. Sempre fui assim. E para tratar do tema aqui, peço licença à maravilhosa e talentosa Cláudia Thevenet, responsável pelo roteiro de “Vestidas de amor”, doc reality apresentado por mim e disponível na Globoplay, desde o início do mês de maio: “Em tempos de desafetos queremos falar de amor!”
Esse é o norte da criação e que dá vida ao doc reality; não fala sobre o vestido da noiva apenas. As utopias inseridas na vestimenta, criada por mim em todos os capítulos, têm ligação direta com sentimentos nobres, cuidado, carinho e afeto. No programa, com seis episódios disponíveis nesta primeira temporada, falamos de amor o tempo todo. E vamos além: em “Vestidas de Amor”, fazemos verdadeiras descobertas sobre o quão grandioso ele é. Mostramos amor em diferentes realidades, culturas e tradições. Mostramos que, apesar de diferentes, são tão iguais. Seja através da história de um casal de mulheres que se uniu em uma igreja evangélica, mas que, antes disso, lutou por anos para que o amor delas não fosse esquecido ou escondido, seja com tomadas espetaculares de um casamento pomerano (que tem uma noiva graciosa e romântica como protagonista), o fio que conduz as histórias reais contadas ali é feito de amor. No casório árabe, na união indígena, no candomblé ou no enlace de pessoas da melhor idade, o elo entre as pessoas que se casam é um dos frutos desse sentimento único, gostoso e que nos traz paz, segurança e felicidade. Eles se completam em amor. A ideia é ficarem juntos para sempre.
Meu desejo, neste mês de junho, é enaltecer o amor, as relações baseadas nele e toda a bagagem que ele me dá, ao longo da vida. Entendi que o amor pode não estar presente, mas sempre vai existir, me dar colo e ser importante para que eu siga em frente — o amor eterno, cuja presença você sente mesmo na ausência física. A ternura desse sentimento me abraça todos os dias. E por ter esse privilégio comigo, desejo a todos um mundo com mais amor. Por favor!
Carlos Tufvesson é estilista, principalmente de vestidos de festa e casamentos — ele desenhou o da apresentadora Angélica, da cantora Claudia Leitte e da atriz Lavínia Vlasak, por exemplo, clientes que viraram amigas. Seu novo projeto é “Vestidas de Amor”, série no Globoplay, no catálogo desde maio, com seis episódios mostrando histórias de amor emocionantes e diversas, relembrando sua própria história com o arquiteto André Piva, que morreu em 2020, com quem ficou casado por 25 anos. É também coordenador da Diversidade Sexual da Prefeitura (2011-2016 e 2021 até agora). Em seu perfil nas redes sociais, ele se descreve: “Carioca. Amo meu Rio. Eternamente apaixonado pelo André. Estilista. Coordenador da Diversidade Sexual – Prefeitura”.