Nelson Motta é jornalista, Nelson Motta é escritor, Nelson Motta é colunista, porém, mais que tudo, se o tema é música, principalmente MPB, não tem pra ninguém. Ele tem voz nesse assunto – sabe tudo. O cara consegue estar sempre atualizado; não por outra razão, suas aparições no Jornal da Globo, às sextas-feiras, fazem tanto ou mais sucesso do que os debates de que participava no Manhattan Connection. É ainda atração garantida quando consegue tempo para participar de feiras literárias, como aconteceu na última Fliporto, em Olinda, este ano. Perguntado a uma pernambucana por que ficava tão atenta quando Nelson pegava o microfone – o que não acontecia com os outros escritores -, ela explicou: “Porque ele é inteligente, culto e engraçado”. Por isso mesmo, vale a pena ler sua “Invertida”.
UMA LOUCURA: Partir para Nova York em 1992, com 49 anos, três filhas e nenhum trabalho, para começar do zero. Mas deu certo.
UMA ROUBADA: Roubada foi fazer um programa do Serginho Groisman em que Zezé di Camargo e Luciano apresentavam OITO novas duplas sertanejas. Tive que ouvir TODAS – e de graça!
UMA IDEIA FIXA: Serenidade. Harmonia. Paciência. Paz em movimento.
UM PORRE: Para começar, gente de porre é um porre: os “sinceros”, os “afetuosos”, os “grudes”, os “sexy”.
UMA FRUSTRAÇÃO: Me incomodar com pequenas frustrações diárias, dar importância a elas – fazem parte da vida e das realizações. O descontrole emocional é uma frustração permanente.
UM APAGÃO: Nenhum apagão, mas são frequentes os “apaguinhos” … Mas, quando dão, sou salvo pelo Google. Queria instalar um Google no cérebro.
UMA SÍNDROME: Síndrome do aluguel. Gente de rádios, jornais, blogs, que liga para pedir opinião sobre tudo. Centenas de discos que chegam pedindo opinião. Mas não tenho tempo de ouvir nada, nem coisas de grandes artistas que estou louco para ouvir.
UM MEDO: Com três filhas e três netos – tenho medo de tudo em relação a eles. Não tenho medo de morrer, mas do sofrimento e do abandono.
UM DEFEITO: Alguma impaciência, alguns raros acessos de fúria, às vezes desproporcionais aos motivos, uma certa preguiça a ser combatida diariamente.
UM DESPRAZER: Perdas pessoais, de gente querida, sofrimento humano em qualquer lugar e a qualquer hora, crueldades com animais (a pior das covardias!)
UM INSUCESSO: O musical “Feiticeira”, de 1976, com Marilia Pêra. Tivemos que hipotecar a casa para pagar os prejuízos, e o casamento começou a acabar. Em compensação, descontei com “Tim Maia – Vale Tudo”, o musical que virou um fenômeno teatral.
UM IMPULSO: De me comover com o sofrimento alheio, de gritar contra injustiças, de varrer 90% dos nossos políticos do mapa.
UMA PARANÓIA: Criar três filhas no Rio de Janeiro dos selvagens anos 80 foi um exercício. Meu analista dizia, na época, que, como estava a cidade, a paranoia era um método… rsrs