A noite de Carla Madeira foi o efeito de uma vacina antimonotonia na inauguração da Janela Livraria, no Shopping da Gávea, nessa segunda-feira (17/04). O bairro, que oficialmente não está provado, mas é onde deve morar a maioria dos intelectuais do Rio, artistas, psicanalistas, escritores, jornalistas e um bom número de loucos, certamente, ou que graça teria o “Marais” carioca?
A data deve ficar no coração de Carla que, na hora da entrevista com Bianca Ramoneda, num dos cinemas do mesmo shopping, foi aplaudida a cada momento que abria a boca, da plateia lotada, com muita gente sentada no chão.
“A Carla é uma das melhores escritoras brasileiras, na minha opinião, e a prova disso é como ela falou esta noite de Literatura”, elogiou Rosiska. “Ela conhece a Literatura com o corpo dela, e faz Literatura assim; por isso que a literatura dela é tão bonita”, disse Rosiska.
Carla é atualmente a autora brasileira que mais vende livros no País. Apesar de ter lançado mais recentemente ‘A natureza da mordida’, o tema que costuma fazer mais sucesso nas conversas com seus leitores, é o levantado por “Tudo é Rio”, seu maior best-seller, com mais de 200 mil exemplares vendidos.
“A gente não pode confundir a ideia de perdão com a ideia de não punição. Não é só um erro que cometemos, e a ideia de perdoar é a que nos possibilita avançar. A questão do perdão, do erro e da reparação é a riqueza e a matéria da condição humana”, disse a autora mineira, respondendo a uma das perguntas de Ramoneda. “A Literatura tem que estar no território do poder olhar para o mal — investigar, escutar, ir a esse lugar. Se a gente quiser colocar a Literatura como um lugar perfeito, onde tudo acontece perfeito, a gente vai perder a possibilidade de olhar para as sombras”.
Foi também um momento alegre para Roberta Machado, vice-presidente do Grupo Editorial Record: “Os livros da Carla têm disto: pedem mais, pedem reflexão, pedem troca. Então, além de nos presentear com os livros em si, a Carla tem tido a generosidade de enriquecer nosso pós-leitura com excelentes reflexões”.
A Janela foi aberta no Jardim Botânico em 2020. Passados pouco mais de três anos e uma pandemia, além de muitos eventos, decidiu ampliar e, nessa nova etapa, as sócias e livreiras Leticia Bosisio e Martha Ribas se unem à Antonia Moura e Renata Maciel, clientes e frequentadoras assíduas da Janela, que tomaram a decisão no fim de 2022. “Reunimos pessoas, propusemos conversas, nos permitimos deixar de lado a cultura do digital e do instantâneo, para retomar o tempo humano. Por isso, optamos ter o café na entrada da livraria, assim como fizemos no JB, para que as pessoas possam se reunir, se desconectar e aproveitar o momento”, diz Martha.
Carla revelou à plateia que está trabalhando num novo livro. Apesar de ter se esforçado para desenvolver uma trama leve, a tentativa fracassou, então as leitoras e os leitores podem se preparar.