Sobre a notícia de que a polícia italiana apreendeu mais ou menos duas toneladas de cocaína boiando no Mar Mediterrâneo, nesta segunda (17/04), amigo da coluna e os 50+ relembraram, mal comparando, o “Verão da lata” carioca, em 1987, quando um barco panamenho vindo da Austrália aportou no Rio para fazer alguns reparos mecânicos, e mais ou menos 22 toneladas de maconha ficaram à deriva na orla carioca.
A carga italiana foi avaliada em 400 milhões de euros (cerca de R$ 2,1 bilhões) e estava dentro de mais de 70 embalagens, em meio a 1,6 mil pães, com proteção, para evitar a infiltração de água e o afundamento.
Aqui eram latas de 1,5 kg, cada uma com altíssimo teor de THC, mas, de acordo com registros oficiais da época, a polícia só conseguiu recuperar 2.563 embalagens. Foi então que surgiram as maiores lendas da cidade, quando os maconheiros e a playboyzada partiram para o litoral atrás do “ouro verde”, que também chegou: “São Paulo – a paulistada desceu em massa ao litoral pra procurar os tesouros junto com os pescadores e, numa regata de Ilhabela a Santos, teve barco voltando pra trás quando um velejador alertou sobre um “mar de latas” brilhando. O assunto virou tema da novela das oito, os jovens usavam camisetas com a lata estampada, estava nos quadrinhos do Angeli, na voz do Cid Moreira, virou gíria (o que era bom era “da lata”), inspirou nome de sobremesa, de música (“Veneno da Lata”, Fernanda Abreu), virou o documentário “Verão da Lata”, em 2015, e deu origem ao livro homônimo, lançado pelo jornalista Wilson Aquino, ou seja, acabou o tédio da estação. É preciso lembrar que são drogas bem diferentes.