O Rio de Janeiro foi fundamental em minha vida. Foram mais de 15 anos que vivi nesta cidade; eu aprendi a viver várias fases, cada uma delas em bairros diferentes e cada qual com suas nuances e particularidades. Fui pai no Alto Leblon e aprendi a viver a Zona Sul e suas belezas, suas praias, vários verões maravilhosos no Arpoador e no Baixo Gávea, tão fervilhante e saboroso!
Depois veio a solidão do Alto Joá, onde tive que reestruturar a minha vida e a minha alma – lá no alto, perto do céu, uma paisagem linda e exuberante, e tinha a Prainha, que é maravilhosa. Depois vieram tantas outras dores e sobrevivi no Flamengo, na Oswaldo Cruz, bairro amado, de pessoas muito generosas, onde tive um belo acolhimento. O Flamengo tem a alma singular carioca; tive muitos amigos e também o Aterro para caminhar e relaxar aos domingos; tinha a Lapa e a Glória, que não me deixaram parado, muita música e boemia.
Recuperado das dores, dos dissabores, encontrei o Vidigal; aí o Rio me deu este presente: o Vidigal é um lugar mágico, cheio de arte. Conheci o pessoal do “Nós do Morro“, conheci o povo que acorda cedo pra labuta. Lá se dá boa noite e bom dia: é outro Rio de Janeiro, a comunidade é forte, delicada e romântica. O Vidigal me abraçou e eu abracei o Vidigal. Tantos amigos, tantas noites lindas, e o mar era um quadro na minha janela. O Rio, seus bairros, suas diferenças, cheios de beleza… Por isso, amo tanto esta cidade, onde cada bairro é um mundo; cada lugar, uma beleza diferente; para cada dor, um amor. O Rio será sempre minha cidade, terra que amo, terra que me abraça, essa cidade de beleza e grandeza. O Rio sempre será pra mim uma cura, um sonho, um amor e amigos.
E eu volto a esta cidade linda nesta sexta (14/04), às 21h, para um show no Manouche, ali no Jardim Botânico, lançando meu novo álbum “Canicule Sauvage”. Então, chega junto, vai ser lindo, o Rio é lindo, o Manouche é lindo e está aniversariando, fazendo três anos de atividade, e eu sou um dos convidados, uma das atrações desta semana tão especial. E eu quero dar de presente toda a minha emoção, música, amor, alegria e comemoração. Meu Rio de Janeiro, meus amigos, venham me encontrar, vamos nessa!
Foto: José de Holanda
Otto Maximiliano Pereira de Cordeiro Ferreira, ou simplesmente Otto — e ainda Galego, apelido da época em que morou no Vidigal —, é cantor, compositor e percussionista pernambucano, apaixonado pelo Rio. O novo trabalho, “Canicule Sauvage” (“ondas de calor selvagem”, em tradução livre; na década de 1990, ele morou três anos na França), seu 7º álbum, tem rock, samba, dançante, rap, maracatu, tudo isso ao mesmo tempo, e conta com a participação de Tulipa Ruiz, Ana Cañas, Lavínia, Pupillo, Nina Miranda e Lirinha, entre outros. Otto fez show no mesmo Manouche em abril de 2018, voltando nesta sexta (14/04).