Era sexta-feira de carnaval, dia 17 de março de 2023, quando tive a ideia de fazer um livro colaborativo com mulheres do grupo Uma Sobe e Puxa a Outra, criado em julho do ano passado pela Natasha de Caiado Castro (fundadora de quatro empresas globais e dona da WISH International Events Management). Entrei no WhatsApp do grupo para contar a minha ideia e deparei com as mensagens da Flávia Lippi (escritora, jornalista e integrante do grupo Uma Sobe e Puxa a Outra) e da Luciana Herrmann Pierri (alta executiva da Nissan e também integrante do grupo) sugerindo a mesma coisa. Ainda nesse dia, fizemos uma reunião online (nós três e a Natasha). Decidimos que o livro reuniria relatos autobiográficos de mulheres, que pudessem inspirar e incentivar outras.
No dia seguinte, sábado de carnaval, chamei a Dea Mendonça, que também é uma das autoras, para se juntar a nós quatro na coordenação do livro.
Convidamos todas as mulheres do grupo (à época, éramos 256) para participar. Lutamos pela inclusão e pela diversidade! Portanto, não foi um convite direcionado a algumas mulheres e, sim, a todas. Fechamos o primeiro volume com 44 mulheres e já estamos produzindo o segundo volume, com quase 50 autoras! Quanto mais mulheres contarem as suas histórias, mais pessoas serão afetadas positivamente. Queremos puxar e ajudar o maior número possível de leitores.
Nossa ideia era publicar em março, aproveitando as celebrações pelo Mês da Mulher. Parecia um sonho impossível! Como assim? 44 capítulos escritos em tempo recorde? O nosso prazo de entrega dos textos era no dia 1º de março, ou seja, tínhamos duas semanas para nos debruçarmos sobre 2 mil palavras! Esse é o tamanho de cada capítulo. Será que isso era possível em tão pouco tempo? Foi!
Eu acredito muito na força do coletivo, da colaboração. Ao contrário do que diz o ditado, ninguém chega mais rápido se for sozinho. Chegaremos mais rápido e mais longe se formos juntos! O livro é mais uma prova disso: apenas um mês depois da ideia, ele foi publicado. Isso aconteceu porque tínhamos um grupo unido de coordenadoras, autoras, editores, colaboradores e apoiadores. As mulheres envolvidas nesse projeto e a equipe da Literare Books, que editou o livro, foram absolutamente fundamentais para que o nosso sonho se transformasse em páginas!
É uma obra muito abrangente, que toca no coração de todos os leitores. Algumas autoras escreveram sobre suas vidas profissionais; outras, sobre episódios pessoais; e outras ainda misturaram os dois. Como diz o Edu Lyra, na orelha, “esse livro não pode ser apenas uma obra, ele precisa ser um manual. Um manual que nos ensinará e nos mostrará que temos um novo caminho a seguir, muito mais justo e igualitário.”
Nos meus 26 anos como apresentadora e repórter da TV Globo e GloboNews, vivenciei, através de reportagens, as mais variadas situações de desigualdade. Tenho certeza de que estamos caminhando a passos largos para melhorar essa questão no nosso país. Mas ainda temos muito a fazer e enfrentar. Se cada um puder contribuir, fazendo a sua parte, viveremos num mundo mais equilibrado!
Temos mulheres de diferentes origens e formações no nosso livro. O objetivo é alcançar essa diversidade em todos os segmentos da nossa sociedade. Esperamos que esses capítulos nos inspirem a puxar cada vez mais gente.
Minha sugestão é que o leitor prepare o lenço — o livro é, de fato, muito emocionante. Eu garanto que você não sairá o mesmo depois de ler os nossos capítulos. Queremos que as pessoas se inspirem a lutar por um mundo mais justo depois de conhecer nossas histórias. Se conseguirmos transformar a vida de um único leitor que seja, já teremos atingido o nosso objetivo! Tenho certeza de que vamos chegar ao coração de muita gente, com os nossos relatos. Tanto que, no final do livro, nós incentivamos e deixamos uma página em branco para que o leitor nos conte a sua história.
No meu caso, decidi escrever sobre algo muito pessoal: abri meu coração e contei um episódio da minha vida, sobre o qual eu nunca tinha falado em público. O título do meu capítulo fala por si só: “Eu sobrevivi a um câncer”. Resolvi falar sobre isso para ajudar outras pessoas que passam ou passarão por essa doença.
Tive um câncer no rim, em 2016. À época, não dividi isso com ninguém (a não ser algumas pessoas da minha família) porque não estava preparada para que me olhassem com pena, com dó… Depois de muito refletir, cheguei à conclusão de que eu poderia ter ajudado outras pessoas se tivesse me exposto naquele momento; por isso, a decisão de escrever sobre esse assunto agora. Foi muito doloroso “viver” tudo de novo, mas foi libertador!
Coordenar o livro foi uma das tarefas mais incríveis da minha vida! As autoras são mulheres absolutamente extraordinárias, que me inspiram todos os dias no nosso grupo, e agora nas páginas desse livro. Lágrimas pulavam dos meus olhos a cada capítulo que chegava! E ainda pulam quando penso no que conseguimos fazer num tempo tão exíguo.
Fizemos o pré-lançamento no dia 13 de março, no SXSW, o maior festival de inovação, tendências e criatividade do mundo, que acontece todo ano, em Austin, no Texas; dez das nossas autoras estavam lá. O sucesso foi tão grande que tinha fila na porta, e muita gente não conseguiu sequer entrar na sala!
Sucesso que se repetiu, em proporções gigantescas, no lançamento oficial, que aconteceu na Livraria da Vila, no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo: em 2 horas, vendemos todos os livros disponíveis na livraria. Tinha fila até para entrar no estacionamento do shopping. E já somos best sellers! Jamais, nem no meu maior sonho, imaginei que chegaríamos lá, já na primeira semana do lançamento oficial. E tem muito mais!
No dia 11 de abril, terça agora, vamos lançar o livro em Brasília, com sessões solenes com as ministras Simone Tebet, Anniele Franco e várias autoridades.
No dia 12, quarta, lançaremos o livro dentro do Rio2C, um superfestival que vai acontecer esta semana, na cidade mais linda do mundo! À noite, no mesmo dia 12, lançaremos na livraria Argumento, no Leblon.
Participar desse livro e escrever o meu capítulo sobre a doença que eu tive foi muito terapêutico — mil sessões de análise em 8 páginas! Se você me acompanhou até o fim desse texto, não pode deixar de conhecer as histórias dessas mulheres que fizeram parte de um dos trabalhos mais lindos da minha vida! Tenho muito orgulho de cada uma delas pela coragem de se exporem, sem medo de ser julgadas, de ser criticadas e de ser amadas. Porque é isso que importa! Afinal, “Uma Sobe e Puxa a Outra!”
Chris Pelajo foi âncora de telejornal da TV Globo durante quase 30 anos. Fez parte da equipe que estreou a GloboNews, em 1996. Em 2005, foi convidada para ser a apresentadora do Jornal da Globo, ficando na bancada por 10 anos. Em 2016, voltou para a GloboNews, ancorando um telejornal diário. Em novembro do ano passado, Chris pediu demissão da Globo para se dedicar aos seus projetos profissionais. Ela está lançando o livro “Uma Sobe e Puxa a Outra”, com outras 43 mulheres.