Acabou, nessa terça (07/03), a Semana de Moda de Paris, a mais importante do cenário mundial, com várias homenagens e, claro, figurinos lindos. Aqui, uma geral do que aconteceu, embora muitos já tenham visto por aí.
Para adiantar o que viria, a Saint Laurent usou um vídeo antigo da atriz Catherine Deneuve comentando sobre as coleções da marca nos anos 90. “É simples, sofisticado, é o que você precisa para o dia a dia e o que você sonha em ser a noite. É maravilhoso”, dizia ela em uma das publicações da YSL no Instagram. E foi o que se viu na passarela: um dos desfiles mais lindos da temporada. Elevou o nível do chique parisiense ao extremo, com casacos masculinos em maxiombros, saias-lápis, minivestidos supersexy… O diretor criativo Anthony Vaccarello escolheu recriar o salão do Hotel InterContinental, icônico prédio parisiense onde Yves Saint Laurent costumava apresentar suas coleções. Disse também que, quando estava criando a coleção, pensou muito nos personagens das atrizes Melanie Griffith e Sigourney Weaver no filme “Working Girl”. O resultado foi uma coleção maravilhosa, cheia de bossa e elegantérrima!
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A Chanel comemorou os 100 anos da flor-fetiche da estilista, a camélia, vista em profusão nos figurinos e cenários, tudo muito chique e com clima jovem e urbano. Sem falar nas “flores” da plateia, como Charlotte Casiraghi, filha da princesa Carolina do Mónaco, e a atriz espanhola Penélope Cruz, que escolheram modelos em tweed para homenagear a marca, além da atriz americana Zoë Saldaña, a cantora, poetisa e fotógrafa americana Patti Smith, e as influencers Sofia e Nicole Richie, filhas do cantor Lionel Richie. No final, a diretora criativa Virginie Viard dispensou os longos de festa e a noiva em branco, e desfilou estampas em vestidos soltos e modernos.
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Um lindo desfile em um cenário magnífico feito pela artista portuguesa Joana Vasconcelos foi o que a Dior proporcionou para seus convidados no primeiro dia da semana de moda. Na passarela, Maria Grazia Chiuri criou uma coleção inspirada nos anos 50 em homenagem a três grandes mulheres: Edith Piaf, Juliette Gréco e a irmã de Christian Dior, Catherine Dior, que integrou a resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial. As estampas foram inspiradas nos jardins da casa do estilista e da irmã, com looks de formas reconstruídas com acabamento primoroso e bordados impressionantes, assim como o cenário, com esculturas feitas de matéria têxtil (paetês, tramas em crochê, tricô e macramês), além de outros tecidos que lembravam motivos florais de forma não óbvia.
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O estilista Pierpaolo Piccioli, da Valentino, surpreendeu muito com o preto e branco e uma pitada do famoso “Red Valentino”. O fio condutor da coleção foi a gravata, usada em uniformes ou em ocasiões formais, além dos vestidos maravilhosos bordados à mão, com plumas, vestidos curtos, saias curtas e shorts pra sair à noite, sexy chic. A coleção vai agradar muito à clientela da marca, mesmo sentindo falta do fúcsia PP. “Da mesma forma que a gravata preta é desconstruída e remontada com uma nova definição, nossa percepção de uniformes é reconsiderada e as convenções, destruídas”, explicou Pierpaolo.
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Na Givenchy, o diretor artístico Matthew Williams seguiu os códigos da coleção masculina apresentada em julho, adaptados ao guarda-roupa feminino, criando uma coleção urbana e chique, com vestidos longos em malhas confortáveis, sobreposições e modelagens modernas. Adorei as bolsas metalizadas.
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O desfile da Louis Vuitton atraiu muitos famosos na fila A, como Zendaya, num look inteiro de animal print, Serena Williams e Jaiden Smith, além de Bruna Biancardi, a namorada de Neymar, Antonella Roccuzzo, mulher de Messi, e Emma Stone, além de Rayssa Leal, a nossa “fadinha do skate”, que tietou Pharrell, o diretor criativo da marca depois da morte de Virgial Abloh. Num cenário criado pelos artistas Philippe Parreno e James Chinlund, que dava impressão de uma rua pontilhada, no Musée d’Orsay, a LV apresentou uma coleção urbana com muita propriedade, rica nos tecidos e modelagens, com bordados tridimensionais. O luxo invadindo as ruas!
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A Miu Miu, última a desfilar, foi responsável pelo momento mais doce e fresco desta edição. O desfile, no Palais d’Iéna, foi um sopro de modernidade poética, com lindas modelos em looks incríveis, como vestidos bordados com ramos de flores, decotes profundos, transparências, casacos impecáveis e muita underwear aparente. Como declarou Miuccia Prada para a Vogue, se ela fosse jovem hoje, adoraria sair de casaco e calcinha, morrendo de rir.
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Depois da turbulência por causa dos escândalos do ano passado, o pedido de desculpas do estilista da Balenciaga e a doação à associação National Childrens, a marca voltou a desfilar buscando os valores antigos (a grife foi acusada de pornografia infantil em uma campanha). Os convites – uma maquete de molde de alfaiate – foram entregues no início da semana, mas, por segurança, o endereço exato não foi revelado até a manhã do desfile. Nada de cenários inundados ou destruídos, mas ocupou uma das salas do Carrousel do Louvre, toda branca e minimalista, com alfaiataria oversized, jaquetas com ombros volumosos e vestidos com muito brilho resgatando peças clássicas da história da grife, com o toque excêntrico, característico do estilista Demna Gvasalia. Depois do desfile, Demna conversou com a imprensa sobre a ideia para a coleção e explicou que começou a desenvolvê-la antes das polêmicas, mas que o momento impactou as criações de alguma forma: “A ideia foi fazer um desfile 100% sobre as roupas, e a situação confirmou para mim que foi a direção certa para seguir. Conseguir fazer isso acontecer – era um desafio. Queria exatamente fazer isso para conseguir seguir em frente e fazer o que faço melhor, que são roupas”, disse. Na primeira fila, nada de influenciadores filmando freneticamente o desfile.
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