Roberto Frejat, nome forte do rock nacional, como pouco se viu — assim será o show “Frejat Trio”, com Maurício Almeida, seu atual guitarrista, e o filho, Rafael Frejat, no Qualistage, na Barra, na próxima quinta (19/01), seguindo depois pelo País. A história é uma daquelas em que o caos vira bênção — neste caso, durante a pandemia.
No isolamento, ele subiu a Região Serrana, onde tem casa, com a mulher, Alice Pellegatti, e começou a realizar alguns desejos antigos, um deles, a parceria musical com o filho, aproveitando para “ensaiar” em lives e amadurecer um projeto antigo: criar um show mais intimista. “Quando percebi que o período de isolamento estava chegando ao fim, pensei em dar continuidade ao meu show de voz e violão de outra forma, ampliando para o formato de trio. Queria ter mais possibilidades musicais do que somente eu e um violão para desenvolver os arranjos”, diz o novo Frejat solo, porém muito bem acompanhado.
O repertório é de grandes sucessos que a gente sabe de cor, além de preciosidades que costumam ficar um pouco “escondidas” na discografia do músico, como “Bumerangue Blues”, de Renato Russo; “Poema”, parceria com Cazuza eternizada por Ney Matogrosso, além da versão inédita de “Fadas”, de Luiz Melodia, uma homenagem ao amigo, morto em 2017.
A coluna conversou com Frejat para uma “Invertida” rapidinha, tipo pingue pongue:
UMA LOUCURA: Andar de carro no Rio, as pessoas são muito agressivas.
UMA ROUBADA: Os últimos quatro anos que passamos no Brasil. Agora, só o fato de saber que o Estado não tem mais um ódio à cultura já dá um alívio. Estava muito cansativo ver tanta gente boçal e recalcada por sua mediocridade no governo. Acredito que vamos ter muito trabalho para reconstruir os mecanismos estruturais do MINC, mas temos de levantar a casa de novo com discussões mais atualizadas e capazes de entender o que podem ser as melhores políticas públicas para um setor que representa o Brasil no mundo de forma muito respeitada, é o nosso “soft power” .
UMA IDEIA FIXA: Fazer sempre do melhor jeito.
UM PORRE: O que tomei no primeiro show dos Rolling Stones no Brasil, em 1995 (no Estádio do Pacaembu, em São Paulo).
UMA FRUSTRAÇÃO: Não ver o Brasil bem para os meus filhos.
UM APAGÃO: Os de Búzios nas noites de Ano Novo, sempre frustrantes.
UMA SÍNDROME: Não tenho nenhuma.
UM MEDO: Tenho medo de perder um filho/a enquanto estou vivo.
UM DEFEITO: Tenho muitos defeitos, não vai ter espaço pra todos na coluna.
UM DESPRAZER: Ver o que fizeram com o Rio, física e politicamente. Se você perguntasse um prazer recente, diria que a inclusão de uma faixa do meu querido amigo e parceiro Luiz Melodia é uma forma de fazê-lo permanecer nas nossas vidas e pretendo fazer isso com meus queridos Erasmo Carlos e Gal Costa no futuro também.
UM INSUCESSO: Foram muitos, ainda continuam acontecendo, mas a gente segue em frente e aí acerta. Um sucesso, seria a relação com meu filho, tem sido muito gostosa, a transparência que temos normalmente contagia a nossa relação musical/profissional, se por um lado eu tenho experiência, ele tem novas ideias e é um músico de primeiríssima qualidade, tecnicamente falando.
UM IMPULSO: O que Ney Matogrosso deu na carreira do Barão Vermelho, e consequentemente a mim. Sou grato a ele eternamente.
UMA PARANOIA: não sou noiado.