A polarização no Brasil está cada dia mais clara e, infelizmente, tende a se refletir nos relacionamentos. Seja entre amigos, colegas de trabalho, entre familiares, as discussões sobre política costumam ser muito tensas e chegam a causar rupturas nas relações, com uma certa frequência.
Podemos dizer que quem ainda não perdeu nenhuma amizade por conta das eleições se deu bem…
Eu sempre ouvi dizer que “religião, política e futebol não se discutem”. Contudo, não adianta: neste período de eleições, os nervos estão à flor da pele; muitas pessoas estão com muito medo, tanto de um lado quanto do outro, e não conseguem se controlar.
Eu mesma fui engatilhada recentemente, quando recebi um vídeo sobre um dos candidatos, enviado em um grupo de WhatsApp. Eu me senti revoltada, pois ouvi uma frase que mexeu profundamente comigo e com os meus valores, e isso quase me tirou do sério.
Consciente das minhas emoções, procurei respirar fundo e me expressar a partir de uma comunicação consciente, construtiva e não violenta. Em vez de atacar e de despejar a minha revolta, perguntei simplesmente se era possível evitar o assunto “política” no grupo. Já conhecendo as posições de muitas pessoas que estavam ali, eu queria evitar um conflito que levaria certamente a uma ruptura.
Mas o assunto é tão sensível que até uma simples pergunta como essa já gerou uma discussão no grupo. Depois de algumas trocas de mensagens e certa sensação de desgaste, pensei: “Por que eu, simplesmente, não ignorei aquele vídeo ao invés de fazer aquela pergunta!?
Eu estava muito arrependida de ter me manifestado, mesmo que tenha sido apenas para pedir que não falássemos sobre política no grupo.
Pessoalmente, vejo duas soluções para evitar um desgaste ou até uma ruptura. A primeira é procurar dialogar com a mente aberta, se expressar e ouvir o outro com empatia, compaixão, demonstrando tolerância e compreensão. A segunda, no caso de você perceber que esse assunto esteja ativando os seus gatilhos, talvez fosse preferível optar por manter o silêncio, evitar se posicionar e discutir.
Nesse caso, não existe “certo” ou “errado” – tudo é uma questão de escolha individual, e toda escolha tem consequências. O objetivo é você se tornar consciente de quais podem ser as consequências das suas escolhas específicas, conhecer bem as suas necessidades e os seus valores.
Para algumas pessoas, posicionar-se e expressar as suas convicções é mais importante do que manter determinados relacionamentos. Para outros, o silêncio é preferível, pois manter a paz de espírito, a união e a harmonia nos seus relacionamentos é mais valioso do que qualquer coisa.
Ainda teremos quase um mês de tensão até o segundo turno. Nesse período, gostaria de convidar você a refletir e prestar muita atenção às suas escolhas e à sua forma de interagir sobre o assunto.
O que é mais importante para você? Posicionar-se? Tentar convencer os outros? Manter a sua paz de espírito e a harmonia nos seus relacionamentos? Dialogar de forma construtiva e respeitosa?