A partir da segunda (20/06), mais de sete mil itens do acervo da escritora Nélida Piñon estarão disponíveis ao público no Instituto Cervantes do Rio, em Botafogo. Nélida tem uma ligação profunda com a Espanha, de onde vem sua família, da região da Galícia. Nélida recebeu a cidadania espanhola no início deste ano, a primeira autora de língua não espanhola a ter a homenagem. A escritora doou parte dos seus arquivos reunidos em mais de 60 anos, como objetos de arte, obras sobre balé, história da Idade Média, literatura clássica, religião, clássicos franceses e ingleses, ópera e biografias, assim como a biblioteca particular herdada da lexicógrafa Elza Tavares. “Desde menina, guardava tudo e fui entendendo que precisava deixar rastros. E eles são fundamentais para a sua existência, sua arte, do coletivo que você é. Isso pautou minha vida, a consciência da responsabilidade das coisas”, diz ela.
Antônio Maura, diretor do Instituto Cervantes, comenta: “Esta coleção veio para enriquecer o acervo especializado em Língua, Literatura e Cultura Galega, tornando-o o mais completo do Brasil. A maioria das obras também contém dedicatórias de escritores nacionais, como Clarice Lispector, Rachel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Lygia Fagundes Telles, e internacionais (José Saramago, Toni Morrison, Mário Vargas Llosa, Carlos Fuentes, Concha Méndez, Gabriel García Márquez, entre outros), além de comentários e anotações. Estes documentos são um material imprescindível para os pesquisadores que se dedicam às investigações piñoneanas, assim como à literatura hispano-americana do século XX”, diz ele.