Pode esquecer os premiados, a volta do Oscar presencial, a grande diretora Jane Campion (“Ataque dos Cães”). O Oscar deste ano é sobre um homem agredindo o outro: Will Smith dando um tapa em Chris Rock no palco, depois de ele fazer piada sobre a doença de sua mulher, Jada Smith, que tem alopecia, patologia que leva à perda de cabelo.
Procurado, o psiquiatra Arnaldo Chuster comenta o caso: “Will Smith teve a coragem de não ser politicamente correto. Ele ama sua mulher, e o amor não é politicamente correto! Fez o que achou que tinha que fazer: não fingir que achou graça, como fazem os politicamente corretos. Num mundo de café sem cafeína, cerveja sem álcool, iogurte sem lactose, chocolate sem açúcar, política sem política, sexualidade sem sexo, onde parece que só os mortos são companhias ideais, Will Smith está muito vivo! Trouxe vida a um espetáculo pasteurizado e repetitivo.”
E continua: “Valeu muito as palavras que disse depois, em lágrimas: ‘Eu defendo as pessoas, tenho amor por elas’. Alguém tem que reagir, e foi isso que Denzel Washington disse a ele, no momento em que você está no auge, aí é que aparece o diabo para atrapalhar. Will Smith reagiu a essa corrente que acha poder ofender todo mundo com piadas grosseiras. Chris Rock ofendeu primeiro o casal, chamando-os de invejosos entre si, e foi grotesco com a doença de uma pessoa. Nesse mundo idiotizado em que vivemos, dois negros entraram em choque por razões éticas, claramente manifestas. Se fosse um branco atingindo um negro, seria racismo, e o contrário seria dando o troco! Mas não se trata da estupidez racial, e sim da ética. Serviu de alerta! Alguém pode reagir à crueldade.”
Hollywood está dividida sobre o assunto. A polícia disse que Chris Rock se recusou a registrar um boletim de ocorrência, o que, certamente, quer dizer alguma coisa.