Depois de dois anos sem ir ao cinema, por causa da pandemia, fui assistir ao filme “Casa Gucci” (“House of Gucci”). Inspirada em fatos reais, essa superprodução de Hollywood retrata a história da família Gucci nas décadas de 80 e 90. Os protagonistas, Lady Gaga e Adam Driver, interpretam, respectivamente, Maurizio Gucci e Patrizia Reggiani.
O casamento deles terminou em divórcio e, pouco tempo depois, resultou em assassinato. Os tribunais italianos consideraram Reggiani culpada por contratar um matador de aluguel para assassinar seu ex-marido.
Se eu tivesse assistido a esse filme antes de estudar o transtorno de personalidade antissocial (psicopatia), teria pensado que fosse “apenas” um crime passional. No entanto, os comportamentos e o “modus operandi” da Patrizia, da maneira como foram apresentados no filme, desde o momento em que ouviu o nome “Gucci” quando Maurizio se apresentou, até o assassinato, parecem-me bem próximos com os de uma mulher psicopata.
Em 2015, uma amiga psiquiatra forense, Kátia Mecler, publicou o livro “ Psicopatas do cotidiano. Como reconhecer, como conviver, como se proteger”. Foi quando comecei a me interessar pelo assunto. Achei esse livro surpreendente e muito esclarecedor. Resolvi me aprofundar e comprei o livro da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, “Mentes perigosas – O psicopata mora ao lado”, além de ter feito o curso dela. Na minha visão, esse conhecimento é de interesse público.
Já ouviu a frase “dividir para conquistar” (ou “dividir para reinar”)?
Essa estratégia consiste em ganhar o controle de um lugar ou de um sistema (pais, empresa, família…) através da fragmentação das alianças e fragilização das pessoas que estão no poder, impedindo que se mantenham individualmente. “O conceito refere-se a uma estratégia que tenta romper as estruturas de poder existentes e não deixar que grupos menores se juntem”, pois, como sabemos, “a união faz a força”.
No filme, podemos ver a habilidade extraordinária da protagonista em manipular quase todos os personagens e gerar discórdia na família Gucci, a fim de chegar aos seus objetivos: muito dinheiro e poder.
Existe um preconceito, uma crença coletiva, de que a pessoa psicopata deve ser um homem com cara de mau, que maltrata as pessoas de maneira muito óbvia e aparente. Isso é um engano: psicopatia não tem cara nem gênero. E a menos de ter conhecimento sobre como funcionam essas pessoas, pode ser bem difícil detectá-las de início. Inclusive, existem muitas mulheres bonitas, sedutoras, que não têm esse transtorno de personalidade escrito na testa.
Mesmo depois de muito estrago por onde passam, as pessoas custam a acreditar que a pessoa era realmente psicopata, já que não possuem o conhecimento necessário.
No meu próximo artigo, descreverei algumas características do transtorno antissocial, para que você possa se prevenir e até se defender caso uma pessoa dessas apareça na sua vida. Enquanto isso, vamos vibrar positivamente para atrair pessoas positivas e construtivas, né ?
Boa semana e um excelente ano 2022!