Sobre o “MasterChef Brasil nas Nuvens”, uma mesa pendurada a 50 metros de altura, no Corte do Cantagalo, na Lagoa. Além das alturas, o espaço em terra tem 2 mil metros quadrados, com bar, restaurante, espaço para aulas e, a partir de fevereiro, disputas culinárias com participação do público. Se ventar ou chover, a estrutura de 12 toneladas, que é içada por um guindaste, não sai do chão. O menu é fechado e apenas com reserva: café da manhã (às 8h30, R$ 240), brunch (às 10h, R$ 240), almoço (às 12h e às 14h , R$ 390), coquetel (às 16h, R$ 340), pôr do sol (às 18h, R$ 410) e jantar (às 20h e às 22h, R$ 590).
Certamente tem quem goste, mas muitos moradores andam — como dizer? — praticamente fora de si, como a jornalista Cora Ronai. Aqui, trechos do depoimento de Cora: “Fiquei indignada quando construíram essa estrutura do guindaste com a mesa pendurada aqui em frente. Há uma tenda enorme (2 mil metros quadrados, segundo informam) que avança sobre a vegetação, a ciclovia foi desviada e a coisa toda é uma bruta agressão à paisagem — para não falar de um uso privado bastante questionável do espaço público. Depois fiquei pensando se não estaria sendo intolerante. Afinal, a estrutura não é permanente e a cidade está quebrada, precisa de eventos e de turistas, blá blá blá whiskas sachê. Mas eventos e turistas não podem ser desculpa para toda a sorte de abusos”.
E continua: “A Lagoa é tombada. Qual é a parte de ‘tombada’ que as autoridades que autorizaram isso não entenderam? Para que meia dúzia de pessoas brinque de comer com adrenalina, o lazer de incontáveis outras pessoas está sendo prejudicado. Eu estive numa geringonça dessas uma vez, em São Paulo, num lançamento de tecnologia, e não vi a menor graça: comer com cinto de segurança firmemente atado sem ser em avião não faz sentido nenhum na minha cabeça. Ainda que fosse a trabalho, saí me sentindo vagamente otária por gastar meu tempo dessa maneira; se tivesse gastado também o meu dinheiro, teria ficado deprimida. E ainda temos seis meses desse trambolho pela frente”.