O grande feito a se comemorar nesta pandemia — que ainda não passou — é estarmos vivos e com saúde. E com a família, amigos e conhecidos vacinados, saudáveis e com disposição.
Contudo, já temos algumas boas notícias na economia — uma delas, justamente, na Cultura, área em que, não bastasse a crise econômica, é sistematicamente bombardeada pelo Governo Federal.
E surge num dos segmentos mais frágeis, num país com 3% de analfabetos e 40% de analfabetos funcionais
A venda de livros no Brasil até a primeira semana de novembro já ultrapassou o resultado de todo o ano de 2020, de acordo com uma pesquisa encomendada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros. O desempenho é superior tanto em volume quanto em faturamento. O crescimento foi de 33% em volume e 31% em valor, comparado com o mesmo período de 2020. Foram 43,9 milhões de exemplares vendidos, com faturamento de quase R$ 2 bilhões. Ruim para os livreiros brasileiros é que a Amazon fecha o ano representando quase a metade do faturamento das grandes editoras.
Outro dilema de sempre é que mais venda não reflete o surgimento de novos leitores. São os mesmos (quem sabe ler e com poder aquisitivo) comprando mais.
A Bienal do Livro foi um evento considerado bem-sucedido, embora estimulado por descontos generosos, mas um exemplo da sede do público de reencontro com os livros. É visível o aumento de circulação nas livrarias (sobreviventes). E essa impossibilidade durante o período mais grave da pandemia levou ao crescimento das vendas online.
A grande novidade mesmo é o que parece ser uma tendência forte: o audiolivro.
As pessoas estão gostando de ouvir podcasts, notícias e … literatura!
Eu digo que é rádio versão streaming.
Nessa onda, sugeri à editora Ubook — o maior catálogo de produções em áudio em português — uma outra categoria: peças de teatro. As pessoas vão, quando possível, ao teatro assistir a leituras. Certamente gostarão de ouvir obras para o palco, ainda mais com a interpretação de grandes artistas.
Assim, estou lançando “Salto Alto”, com Maria Padilha e Luciana Braga; “Todo Tempo do Mundo”, com Irene Ravache e Paulo Betti; e “Agora e na Hora” (que já foi encenada no Rio e São Paulo, direção de Walter Lima Jr.), com Joaquim Lopes, Carol Castro, Marcelo Serrado e Lúcio Mauro Filho.
Na onda, também meu primeiro romance, “Antes que eu Morra”, está saindo atualizado na voz de Eriberto Leão.
O mais bacana é que a editora igualmente aposta na recuperação e crescimento do mercado, digamos, tradicional, e todo audiolivro tem a sua versão impressa.
Então, a gente se lê e se escuta por aí.
Luis Erlanger é jornalista e escritor.