Vinte e cinco anos depois, “Terra Estrangeira” fez sua reestreia em 4k, nesse fim de semana, no Festival do Rio, no Estação Net Botafogo. Parte da equipe e elenco estavam lá, como Fernanda Torres e Fernando Alves Pinto, os protagonistas, e Flávio Tambellini, o produtor executivo, com sentimentos que estavam além do que veriam na tela: um reencontro carinhoso.
O clássico de Walter Salles e Daniela Thomas foi restaurado este ano, a partir dos negativos originais de imagem 16mm, digitalizados em alta resolução, no laboratório francês Éclair. A marcação de luz foi supervisionada por Walter Carvalho, diretor de fotografia: “Eu revi o ‘Terra Estrangeira’ inúmeras vezes, por conta do trabalho de remasterização. Nos seus 25 anos, o filme continua com o mesmo frescor e se debruça sobre as costelas do Brasil de ontem – grita, clama pelo Brasil de hoje. Eu chamo isso de cinema necessário, de cinema emergente, que olha para um Brasil profundo, real, sem enfeite, sem polimento.”
O longa foi rodado em apenas quatro semanas, em três continentes. “O filme nasceu como uma reação ao silêncio forçado do desgoverno Collor e de 25 anos de ditadura militar. Era o momento de participar do renascimento da cinematografia brasileira. Mas, ainda assim, naquele tempo, éramos felizes e sabíamos”, relembra Salles. E continua: “A imagem do cartaz, o casal com o navio em preto e branco que todo mundo se lembra, traduz a derrocada econômica, e quando o Brasil deixou de ser um país de imigração para a emigração. Cerca de 800 mil pessoas deixaram o País naquele momento. Os personagens de Alex e Paco nascem desse ponto de inflexão de nossa história.”