Fãs de Alair Gomes estão inquietos. Em dezembro, o fotógrafo completaria 100 anos, e, por enquanto, não está sendo programado nada, nada, nada para celebrar o centenário desse grande artista brasileiro. Nem a Biblioteca Nacional, para quem a família doou centenas de negativos (são 16 mil fotografias e 150 mil negativos, além das 30 mil páginas de manuscritos originais), nem o MAM (com trabalhos das coleções de Gilberto Chateaubriand e Joaquim Paiva), pretendem fazer qualquer tipo de comemoração? Alô, Fabio Szwarcwald!
A coluna entrou em contato com a comunicação do MAM, e ficou sabendo que Pablo Lafuente, um dos diretores artísticos, pretende fazer algo sim, mas ainda nada definido, porém, é quase certa uma ação digital.
Sabe-se que os tempos estão complicados para a cultura, mas, além do aniversário do artista, em 2021 completa 20 anos da famosa exposição na Maison Cartier, em Paris, que o elevou ao patamar dos grandes fotógrafos internacionais. E mais: também em 2021, completam 30 anos de sua morte. Portanto, temos todos os motivos para falar de Alair. É ou não é?
Quem assistiu aqui à peça “Alair” em 2017, com Edwin Luisi, texto de Gustavo Pinheiro, no Teatro Laura Alvim, em Ipanema? Engenheiro de formação, filósofo, escritor, estudioso e crítico de arte, Alair Gomes foi reconhecido como precursor da fotografia homoerótica no Brasil, mostrando sempre a beleza do corpo masculino.
Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia, é um dos militantes revoltados com a falta de lembrança e, ele mesmo, vai fazer uma live no dia 20 de dezembro dedicada à biografia do artista e uma exposição na sede do grupo, no Pelourinho, Salvador. “O descaso e a desconsideração desse fantástico artista refletem o preconceito homofóbico, não só pelo artista, assumidamente gay, assim como por sua obra e à comunidade LGBT+. Nós existimos e contribuímos brilhantemente para esta sociedade e nossa produção artística não pode ser menosprezada”, diz Mott.